Prova para Defensoria Pública faz propaganda da legalização do aborto
O Antagonista teve acesso às questões da prova escrita preliminar do XXVI concurso público para ingresso na classe inicial da carreira da defensoria pública do estado do Rio de Janeiro, realizada no último domingo, 5, na UERJ. O enunciado da 4ª questão da Banca III é o seguinte: “Leia os textos abaixo e discorra sucintamente sobre as violações de direitos humanos...
O Antagonista teve acesso às questões da prova escrita preliminar do XXVI concurso público para ingresso na classe inicial da carreira da defensoria pública do estado do Rio de Janeiro, realizada no último domingo, 5, na UERJ.
O enunciado da 4ª questão da Banca III é o seguinte: “Leia os textos abaixo e discorra sucintamente sobre as violações de direitos humanos presentes. Indique também formas de atuação da Defensoria Pública para combatê-las.”
O primeiro texto é de uma autora que fala do eco das vozes de sua avó em “obediência aos brancos-donos de tudo” e da mãe “nas cozinhas alheias debaixo das trouxas roupagens sujas dos brancos”. Remete, portanto, a alguma forma de racismo e escravidão.
O segundo texto reproduz trechos da matéria de um portal com parte do pronunciamento de uma antropóloga que argumentou a favor da descriminalização do aborto na audiência pública de sexta-feira no STF sobre o tema. Ela disse que “a criminalização do aborto matou” Ingriane Barbosa, “mulher negra, trabalhadora doméstica”, e falou “para aqueles que nunca viram o racismo como parte da criminalização do aborto”, “que guardem a foto de Ingriane” e “façam um porta-retrato na sua casa, porque a partir daí, nunca mais vão esquecer”.
A prova não exibe qualquer argumentação contrária à descriminalização (como essas aqui, aqui, aqui e aqui).
Fica a pergunta: qual é a chance de um candidato tirar a nota máxima na questão, se ele argumentar contra a descriminalização do aborto, não enxergar racismo algum na criminalização da prática e refutar a insinuada premissa de que ela viola os direitos humanos?
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