O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, informou nessa terça-feira (20) que o presidente russo, Vladimir Putin, não assistiu a declaração em vídeo de Yulia Navalnaya, viúva de Alexei Navalny, opositor político do governo. No vídeo, Navalnaya prometeu continuar o trabalho de seu marido e acusou Putin de ser responsável pelo envenenamento de Navalny com um agente nervoso, alegação que o Kremlin categoriza como infundada.

As afirmações de Yulia Navalnaya

Na declaração, Navalnaya afirma que lutará por uma “Rússia livre” e apela aos apoiadores de seu falecido marido para se oporem a Putin com mais vigor que nunca. Aos 47 anos e mãe de dois filhos, ela alternou entre a raiva e a tristeza ao sinalizar que tentará ajudar a liderar uma oposição a Putin.

Ela disse ainda que a razão pela qual as autoridades ainda não tinham entregado o corpo de Navalny à sua mãe era porque esperavam que os vestígios do agente nervoso Novichok saíssem de seu corpo. Aliados de Navalny citam um investigador russo que teria dito que as autoridades precisam de pelo menos 14 dias para realizar vários testes químicos em seu corpo antes de entregá-lo à família.

Reação do Kremlin

Questionado sobre as acusações de Navalnaya, Dmitry Peskov, declarou que eram “absolutamente infundadas e desagradáveis contra o chefe do Estado russo”. No entanto, devido ao recente luto de Navalnaya, ele optou por não comentar mais sobre o assunto.

Se referindo à suposta utilização de um agente nervoso contra Alexei Navalny, Peskov disse que as afirmações de Navalnaya eram infundadas e não confirmadas.

Morte de Alexei Navalny

Alexei Navalny, de 47 anos, foi encontrado inconsciente e faleceu repentinamente na sexta-feira na colônia penal “Polar Wolf”, localizada acima do Círculo Polar Ártico, onde cumpria uma pena de trinta anos. Tanto o Ocidente quanto apoiadores de Navalny acusam o presidente Putin pela sua morte. As alegações foram negadas pelo Kremlin, gerando ainda mais tensão entre a Rússia e o Ocidente.

Putin, até o momento, não fez comentários públicos sobre a morte de Navalny. As relações entre Moscou e o Ocidente, já abaladas pela guerra de quase dois anos na Ucrânia, se exacerbaram ainda mais.

Perguntado sobre a detenção da polícia de algumas pessoas que depositaram flores em homenagem a Alexei Navalny em monumentos de Moscou e de outras cidades, Peskov assegurou que a polícia agiu em estrita conformidade com a lei.