Uma semana que depende do contexto
Muito se falou sobre antissemitismo no Ocidente desde que terroristas do Hamas atacaram civis israelenses em 7 de outubro, mas nada foi tão eloquente sobre o ódio aos judeus entre a...
Muito se falou sobre antissemitismo no Ocidente desde que terroristas do Hamas atacaram civis israelenses em 7 de outubro, mas nada foi tão eloquente sobre o ódio aos judeus entre a intelectualidade ocidental do que os depoimentos de três reitoras das maiores universidades dos EUA. Questionadas no Congresso americano sobre punições para quem defende o genocídio de judeus, ela disseram — como há muito não se faz nas instituições de ensino superior quando se trata de raça ou gênero — que “depende do contexto”.
O que também parece depender do contexto — ou do governo — é a validade da Lei das Estatais. O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a julgar as travas para a participação de políticos em empresas públicas. André Mendonça votou pela constitucionalidade da norma e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, indicou que votará da mesma forma, mas o julgamento foi interrompido por pedido de vista de Kassio Nunes Marques. Enquanto isso, segue valendo a liminar de Ricardo Lewandowski que reabriu a porteira para que Aloizio Mercadante, por exemplo, assumisse a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).
Outro fato que depende do contexto, a julgar pela reação do Judiciário, é quem, como e por que protesta — ou vandaliza. Militantes de esquerda contrários à privatização da Sabesp, companhia de água de São Paulo, tentaram impedir a aprovação do projeto na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) pela força. Não configura ato antidemocrático?, questionaram parlamentares de direita. E, se configura, por que as autoridades judiciárias não reagiram devidamente?
Enquanto isso (ou por isso mesmo), o Brasil afunda — por Maceió. A tragédia ambiental e social de Alagoas atrai as atenções dos brasileiros para um roteiro-símbolo da ordem das coisas no país: a leniência do poder público permitiu que uma empresa sócia do governo federal explorasse recursos naturais sem o devido cuidado, afetando as vidas de 60 mil pessoas.
E a reação dos políticos à crise finaliza o roteiro da pior e mais óbvia maneira possível. Renan Calheiros (MDB-AL) conseguiu enfim emplacar sua CPI da Braskem, mas a solução dos problemas dos alagoanos prejudicados pelo afundamento do solo parece a última das prioridades da comissão de inquérito.
Não exterior, Israel segue combatendo o Hamas. E Lula melou o acordo entre Mercosul e União Europeia enquanto fingia promovê-lo. O que seu governo não finge é a cumplicidade com a ditadura venezuelana.
Mesmo depois de Nicolás Maduro exibir um mapa com o que considera que devam ser os novos limites territoriais de seu país, após a anexação forçada de parte da Guiana, o petista não condenou publicamente o ditador e não mencionou a costumeira preocupação com a “autodeterminação dos povos”.
Como diria outro ditador, o norte-coreano Kim Jong-un, é de chorar.
Uma semana que depende do contexto
Muito se falou sobre antissemitismo no Ocidente desde que terroristas do Hamas atacaram civis israelenses em 7 de outubro, mas nada foi tão eloquente sobre o ódio aos judeus entre a...
Muito se falou sobre antissemitismo no Ocidente desde que terroristas do Hamas atacaram civis israelenses em 7 de outubro, mas nada foi tão eloquente sobre o ódio aos judeus entre a intelectualidade ocidental do que os depoimentos de três reitoras das maiores universidades dos EUA. Questionadas no Congresso americano sobre punições para quem defende o genocídio de judeus, ela disseram — como há muito não se faz nas instituições de ensino superior quando se trata de raça ou gênero — que “depende do contexto”.
O que também parece depender do contexto — ou do governo — é a validade da Lei das Estatais. O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a julgar as travas para a participação de políticos em empresas públicas. André Mendonça votou pela constitucionalidade da norma e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, indicou que votará da mesma forma, mas o julgamento foi interrompido por pedido de vista de Kassio Nunes Marques. Enquanto isso, segue valendo a liminar de Ricardo Lewandowski que reabriu a porteira para que Aloizio Mercadante, por exemplo, assumisse a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).
Outro fato que depende do contexto, a julgar pela reação do Judiciário, é quem, como e por que protesta — ou vandaliza. Militantes de esquerda contrários à privatização da Sabesp, companhia de água de São Paulo, tentaram impedir a aprovação do projeto na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) pela força. Não configura ato antidemocrático?, questionaram parlamentares de direita. E, se configura, por que as autoridades judiciárias não reagiram devidamente?
Enquanto isso (ou por isso mesmo), o Brasil afunda — por Maceió. A tragédia ambiental e social de Alagoas atrai as atenções dos brasileiros para um roteiro-símbolo da ordem das coisas no país: a leniência do poder público permitiu que uma empresa sócia do governo federal explorasse recursos naturais sem o devido cuidado, afetando as vidas de 60 mil pessoas.
E a reação dos políticos à crise finaliza o roteiro da pior e mais óbvia maneira possível. Renan Calheiros (MDB-AL) conseguiu enfim emplacar sua CPI da Braskem, mas a solução dos problemas dos alagoanos prejudicados pelo afundamento do solo parece a última das prioridades da comissão de inquérito.
Não exterior, Israel segue combatendo o Hamas. E Lula melou o acordo entre Mercosul e União Europeia enquanto fingia promovê-lo. O que seu governo não finge é a cumplicidade com a ditadura venezuelana.
Mesmo depois de Nicolás Maduro exibir um mapa com o que considera que devam ser os novos limites territoriais de seu país, após a anexação forçada de parte da Guiana, o petista não condenou publicamente o ditador e não mencionou a costumeira preocupação com a “autodeterminação dos povos”.
Como diria outro ditador, o norte-coreano Kim Jong-un, é de chorar.