Professor universitário da Califórnia é afastado por criticar Hamas
Um professor judeu que condenou o Hamas está proibido de entrar no campus da USC (Universidade do Sul da Califórnia)..
Um professor judeu que criticou o Hamas está proibido de entrar no campus da USC (Universidade do Sul da Califórnia). O professor de economia John Strauss ensinava há anos na Universidade da Califórnia. Sua especialidade era a economia dos países em desenvolvimento.
Em 9 de novembro, o professor Strauss se encaminhava para ministrar um curso sobre economia da África Subsaariana quando viu uma grande multidão. Ele se aproximou e percebeu que era uma manifestação pró-Palestina. Ouviu slogans como “Destrua Israel” e apelos para que os EUA revoguem o financiamento para Israel. A manifestação incluiu um comício no qual alguns estudantes gritavam: “From the river to the sea Palestine will be free”, uma convocação à destruição de Israel.
“Foi o que ouvi e fiquei com raiva”, disse Strauss ao The Times. O professor, que é titular da USC desde 2004, confirmou que se manifestou em defesa de Israel: “Sou judeu e muito pró-Israel, então gritei: ‘Israel para sempre. O Hamas é assassino’”.
Eis o que levou o professor de 72 anos a ser afastado de suas funções. Ele ousou murmurar sua opinião, que expressou da seguinte maneira: “O Hamas é assassino. Isso é tudo que eles são. Todos deveriam ser mortos e espero que todos sejam mortos”.
Alguns alunos capturaram esses comentários em seus celulares e, em poucas horas, os comentários de Strauss viralizaram no X (ex-Twitter), Instagram, Facebook e TikTok.
À medida, porém, em que se espalhava na internet, a sua fala sofria recortes e o vídeo acabou sendo postado por ativistas anti-Israel de uma forma editada e deturpada por legendas e comentários enganosos, que sugeriam que o professor desejava a morte para todos os palestinos.
“Este professor de economia sionista pisou propositadamente na lista dos mártires antes da nossa marcha e voltou depois e disse ‘todos deveriam ser mortos’”, postou um grupo de estudantes no Instagram. Outra postagem dizia que Strauss ameaçou os estudantes durante uma manifestação no campus por Gaza e desejou que todos fossem mortos. Essa postagem foi visualizada mais de 3,2 milhões de vezes.
Horas depois dos comentários deturpados de Strauss viralizarem, a União Estudantil Muçulmana da USC emitiu uma declaração dizendo que Strauss estava “pedindo repetidamente o assassinato de toda a Palestina” e expressando “um desejo pela morte daqueles que apoiam a Palestina”.
“Tais observações não apenas ultrapassam os limites do discurso acadêmico, mas também incitam perigosamente à violência e contribuem para uma atmosfera hostil no campus”, declarou a União Estudantil Muçulmana em seu comunicado, que pedia aos administradores da USC que “garantissem um espaço seguro para os estudantes se expressarem”.
No dia seguinte ao ocorrido, o professor Strauss foi afastado do campus, em licença administrativa remunerada, e avisado de que não daria mais aulas para seus alunos de graduação naquele semestre.
Pouco depois, uma petição que o acusava de comportamento racista e xenófobo e exigia sua demissão coletou mais de 6.500 assinaturas. Em contrapartida, mais de 9.000 pessoas assinaram outro documento condenando o tratamento injusto dado a Strauss pela Universidade, alegando que ele foi vítima de desinformação e exigindo que a universidade o reintegrasse.
O Conselho de Relações Americano-Islâmicas em Los Angeles, solicitou à USC uma investigação sobre Strauss e requereu “medidas para proteger estudantes muçulmanos, palestinos e árabes, bem como quaisquer outros que sejam alvo de ódio e intolerância”.
Já o diretor de liberdade de expressão da PEN America criticou a USC por “uma reação exagerada chocante” e afirmou que “o que a USC fez vai contra a obrigação da universidade de promover o diálogo e o debate”.
O reitor disse a Strauss quatro dias depois que ele estava sendo alvo de múltiplas reclamações ao escritório de equidade e diversidade da USC e que continuaria a ser impedido de entrar no campus enquanto as reclamações fossem investigadas.
Nesse ínterim, a caixa de e-mails do professor Strauss foi inundada com insultos e ameaças.
Em sua defesa, o professor tenta apenas reestabelecer os fatos: “A alegação era que eu disse: ‘Mate todos os palestinos’. Nunca disse isso e nunca diria isso. Eu disse: ‘Matem todo o Hamas’. Isso é bem diferente”, afirmou Strauss.
O professor está sendo ajudado por colegas professores judeus e por uma rede de estudantes e ex-alunos: “A implacável campanha de desinformação manchou injustamente a reputação do professor Strauss”, disse uma das alunas.
Questionado se tinha algum arrependimento, Strauss respondeu “não”. “Eu não. Não fiz nada de errado e provavelmente faria da mesma maneira”, completou.
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