Por que a inflação da Argentina é maior do que o divulgado
O índice oficial de inflação na Argentina divulgado nesta semana esconde alguns fatos sobre a crise econômica do país...
O índice oficial de inflação na Argentina divulgado nesta semana esconde alguns fatos sobre a crise econômica do país.
Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), como anunciado ontem, 13 de novembro, a menos de uma semana do segundo turno das eleições presidenciais, a inflação argentina no mês de outubro foi de 8,3%.
Trata-se de uma desaceleração visto que o índice é inferior aos mais de 12% do mês anterior.
No acumulado dos 12 meses anteriores, a inflação chegou a 142,7%. Esse é um recorde desde 1991, quando o país se recuperava de uma hiperinflação de 3.079% anual, a pior crise inflacionária da história argentina.
Entretanto, a inflação real na Argentina deve ser ainda maior. Algumas consultorias privadas mediram uma variação mensal superior à oficial. A EcoGo Consultores estimou acima dos 9%, uma diferença sútil mas não irrelevante.
O que já é fato é que os índices oficiais subnotificam a inflação devidos a diversos fatores, todos relacionados às práticas econômicas heterodoxas do Estado argentino.
“Os índices oficiais de preços são fortemente distorcidos por diversas intervenções nos mercados que afetam toda a economia”, diz Juan Luis Bour, economista-chefe da Fundação de Investigações Econômicas Latinoamericanas (Fiel).
Dentre essas intervenções, Bour destaca quatro intervenções.
A primeira, e mais conhecida, são os diferentes tipos de câmbio de dólar na Argentina, com um total de mais de 10.
“Na cotação oficial, há desvalorização no câmbio para produtos de exportação, mas não para importação, o que afeta certos preços”, diz Bour.
Por exemplo, um empresário com acesso à certas cotações oficiais, o que não é o caso da maioria dos argentinos, pode ganhar mais pesos do que o seu concorrente ao exportar um produto ou gastar menos ao importar.
Outra intervenção que artificializa a inflação são os atrasos em reajustes de preços imposto sobre alguns bens nos últimos meses, em meio às eleições.
Um caso marcante que desencadeou uma crise de abastecimento no final de outubro foi a gasolina. No início do mês passado, o barril de petróleo Brent, a 97 dólares, era vendido na Argentina por 56 dólares para controlar o preço do combustível.
Após a crise, na virada para novembro, o preço na bomba dos postos da estatal YPF, que domina o mercado, precisou ser reajustado em 10%.
Uma terceira intervenção, de menor impacto, é…
Leia mais: Assine a Crusoé, a publicação que fiscaliza TODOS os poderes da República.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)