Ciro x Cid Gomes: entenda como briga de irmãos racha o PDT
A crise interna do PDT, protagonizada pelos irmãos Cid e Ciro Gomes, teve mais um episódio nesta semana. Ele remete às eleições de 2022, quando...
A crise interna do PDT, protagonizada pelos irmãos Cid e Ciro Gomes, teve mais um episódio nesta semana. Ele remete às eleições de 2022, quando o partido e o PT romperam no Ceará.
Para a manutenção da antiga aliança, a candidatura ao governo do estado ficaria com uma pessoa próxima ao então governador petista Camilo Santana. Ela tinha nome, sobrenome e apoio de Cid Gomes: a pedetista Isolda Cela, ex-secretária de Educação que virou vice-governadora e assumiu o governo quando Camilo concorreu ao Senado. Ciro, porém, defendeu o nome de Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza, como candidato pelo PDT.
Com a formalização da candidatura do aliado de Ciro, em detrimento da preferida de Camilo e Cid, o ex-governador lançou o petista Elmano de Freitas, que acabou vencendo no primeiro turno. Com a vitória de Lula, Camilo, que se elegeu senador, ainda virou ministro da Educação; Izolda, secretária-executiva do ministério; e Carlos Lupi, então presidente do PDT, ministro da Previdência Social. Ciro amargou, portanto, uma derrota nacional e outra estadual.
A partir de então, começou um jogo de forças no partido entre a ala cirista e a ala cidista.
Com força na Executiva Nacional, Ciro, que defende a oposição ao PT em todas as esferas, atuou para afastar o irmão senador, que defende a aliança, do comando estadual do PDT. A gota d’água foi Cid ter assinado cartas de anuência para desfiliação de dezenas de mandatários, entre eles deputados federais, estaduais, prefeitos e vereadores.
“A Executiva Nacional do PDT, de forma unânime, deliberou pela nulidade das cartas de anuência concedidas hoje na reunião do diretório. São declaradas nulas para todos os efeitos”, afirmou o deputado federal cirista André Figueiredo, presidente interino do partido, na quarta-feira, 8. Ele acrescentou que o PDT vai disputar na Justiça os mandatos dos políticos eleitos em 2022 que estão pedindo para sair.
No dia seguinte, 9, a Executiva Nacional afastou Cid do comando do partido no Ceará, aprovando por unanimidade um relatório da Comissão de Ética pela intervenção.
Após ser destituído, o senador logo recebeu um convite: “PSB aberto com tapete”. O autor é Eudoro Santana, presidente do PSB cearense e pai do ministro Camilo Santana. Ele garantiu ao aliado apoio total do partido.
“Para mim, agora, não há mais diálogo com a direção nacional [do PDT]. Se o Lupi me ligar agora, eu não atendo, porque eu não respeito mais. Se o André me ligar, eu não atendo, porque não respeito mais”, declarou Cid, aparentemente de malas prontas.
Ciro Gomes, em meio à peleja fratricida, também vem confrontando o governo do PT no estado. Ele se reaproximou do tucano Tasso Jereissati e participou, em 30 de outubro, da convenção estadual do PSDB, onde discursou e fez graves acusações contra Elmano de Freitas:
“O Ceará está sendo destruído daquele caminho que nós trilhamos. Tá sendo destruído pela traição, tá sendo destruído pelo descompromisso. E eu dou nome aos bois. E amanhã vocês vão ver que não sai uma linha do que eu vou falar na grande imprensa daqui ou do Brasil. Tá tudo dominado como as periferias estão pelas facções criminosas.
Eu vou dizer pra vocês: hoje no Ceará, que era famoso pela decência com que Tasso Jereissati e com que eu procuramos governar o nosso estado, não se realiza uma obra pública sem pagar propina, uma obra pública sequer se realiza nesse estado sem pagar propina para os donos do poder que estão aí.”
Resultado: o estado do Ceará protocolou, em 1º de novembro, uma ação na 14ª Vara de Fazenda Pública da Comarca de Fortaleza, pedindo indenização por dano moral e direito de imagem.
Ultimamente, Ciro vem defendendo o mandato e a reeleição de José Sarto como prefeito de Fortaleza. Enquanto seu irmão defende uma chapa conjunta com o PT, mas com o PDT na cabeça, ele quer uma chapa puro-sangue pedetista na eleição municipal de 2024. Mas não deixa de lado o debate nacional. Chama de “farsa” a reforma tributária e se defende das acusações de “lulopetistas”, que o rotulam de “linha auxiliar do fascismo”, e dos bolsonaristas, que o chamam de “mais um apoiador do Lula”. “Minha oposição é sobre o modelo econômico e político e não sobre personalismos”, afirma.
Seja como for, onde estiverem os irmãos Gomes, tretas não faltarão.
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