Caio Blinder está de mudança de Nova Jersey para a Flórida, num processo que classifica de forma bem-humorada como “autodeportação”. “Eu estou indo não como brasileiro, mas como americano velho que se aposenta”, diz o jornalista, que mora nos Estados Unidos desde 1994, em entrevista ao Podcast oa!.
Na conversa com Felipe Moura Brasil e Duda Teixeira, Blinder analisa a política externa do governo Lula a partir da visita do petista à Rússia no contexto da invasão da Ucrânia. “O Brasil é o total atraso na política externa, Se você pegar a lista dos convidados, deve ter pouquíssima gente em países com lisura democrática”, criticou.
Para o jornalista, cuja carreira ficou marcada pela longeva participação na bancada do programa Manhattan Connection, ao lado de Lucas Mendes e Paulo Francis, entre outros colegas, o ditador russo Vladimir Putin reuniu para as comemorações do Dia da Vitória “o que tem de pior da esquerda e da direita”, numa demonstração da “teoria da ferradura”.
Trump
Blinder também fala sobre o novo governo de Donald Trump, cuja posição em relação à guerra na Ucrânia comparou à do primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain, que apaziguou Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. “Com uma diferença essencial: ele era uma pessoa muito mais decente do que o Trump”, pondera.
Blinder diz ainda que o Partido Democrata está “desnorteado” e cometendo “erros políticos elementares há muito tempo”. Ele cita a questão da imigração ilegal para os Estados Unidos como um dos principais motivos de enfraquecimento eleitoral da esquerda americana, mas destaca que “o identitarismo trocou de fantasia nos Estados Unidos” e a patrulha ideológica passou a ser feita também pela direita.
Israel
Na conversa, o jornalista, que é judeu, diz ainda que compartilhou o trauma pessoal e coletivo causado pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que comparou ao impacto que sentiu em eventos como o assassinato de John Kennedy e os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 em Nova York, onde estava naquele dia.
Ao analisar a reação de Israel, Blinder diz que falta de plano claro para o “day after” por parte do governo israelense e que não acredita que seja possível derrotar totalmente uma ideologia como a jihadista, do Hamas, apesar de enxergar como positivo para Israel a recuperação de seu poder de dissuasão militar após o 7 de outubro, mesmo diante das falhas iniciais de segurança.
Assista à entrevista: