O3: Novo ChatGPT redefine os limites da inteligência artificial
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Alexandre Borges
5 minutos de leitura 21.01.2025 08:00 comentários
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O3: Novo ChatGPT redefine os limites da inteligência artificial

O3 impressiona pela inteligência, mas custos elevados levantam dúvidas sobre sua aplicação em larga escala

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O3: Novo ChatGPT redefine os limites da inteligência artificial
Imagem: IA por Alexandre Borges

A OpenAI abriu para desenvolvedores selecionados seu mais recente modelo, o O3. Capaz de resolver problemas complexos e raciocinar de forma inédita para uma máquina, a nova versão do ChatGPT marca um salto tecnológico por ser considerado “AGI” (inteligência artificial generativa) e não mais apenas “AI”.

A Inteligência Geral Artificial (AGI) é um conceito em inteligência artificial que se refere a máquinas capazes de realizar qualquer tarefa intelectual que um ser humano possa desempenhar. Diferente das IAs atuais, que são especializadas em tarefas específicas como tradução ou reconhecimento de imagens, a AGI teria a habilidade de aprender, raciocinar e se adaptar a situações novas sem depender de programação prévia ou dados específicos.

Em essência, seria uma inteligência flexível, criativa e generalista, equiparada à mente humana em termos de compreensão e resolução de problemas. A ressalva do O3 fica para seu custo de operação, que pode superar R$ 15 mil por consulta, um desafio significativo para uma tecnologia que oferece serviços baratos e acessíveis.

Diferente de seus antecessores, o O3 utiliza um método inovador chamado “cálculo em tempo de teste”, que permite “pensar” mais profundamente sobre cada questão antes de responder. Essa abordagem gera resultados extremamente precisos, mas consome quantidades massivas de poder computacional, o que eleva os custos a níveis inéditos.

O desempenho e o custo astronômico do O3

O novo modelo brilhou no teste ARC (Abstraction and Reasoning Corpus, ou Conjunto de Testes de Abstração e Raciocínio), projetado para medir a capacidade de raciocínio lógico de máquinas em cenários novos. O O3 atingiu uma pontuação impressionante de 91,5%, superando facilmente tanto modelos anteriores quanto seres humanos, que marcaram entre 60% e 70% no mesmo teste.

No entanto, o preço para alcançar esse desempenho foi surpreendente. Em sua configuração mais eficiente, a OpenAI gastou cerca de US$ 6.677 (aproximadamente R$ 33 mil) para responder às 400 perguntas do teste. Já a versão mais avançada, que garantiu o desempenho máximo, custou 172 vezes mais poder computacional, elevando o preço de cada consulta para cerca de US$ 3.000 (cerca de R$ 15 mil).

Essa realidade destaca a sofisticação do O3, mas também levanta dúvidas sobre sua viabilidade econômica fora de ambientes corporativos ou governamentais.

Até agora, o mercado de tecnologia foi definido por serviços de custo baixo, como aplicativos gratuitos e buscadores, que podem atender milhões de usuários com investimentos adicionais mínimos. O O3 quebra esse paradigma, exigindo investimentos contínuos em infraestrutura para cada consulta realizada.

Para viabilizar economicamente o modelo, a OpenAI já prepara preços altos. Atualmente, a assinatura mensal do modelo anterior, o O1 Pro, custa US$ 200 (cerca de R$ 1.000). A estimativa para o O3 é que esse valor suba para cerca de US$ 2.000 (R$ 10 mil). Apesar disso, Sam Altman, CEO da OpenAI, admitiu que a empresa ainda opera no vermelho, já que o custo por consulta excede o planejado.

Essa dependência de recursos computacionais beneficia empresas como a Nvidia, fabricante de chips especializados, e os gigantes da computação em nuvem, como Amazon e Microsoft, que fornecem a infraestrutura necessária. A OpenAI, por sua vez, enfrenta pressões crescentes tanto financeiras quanto competitivas, já que modelos rivais, como o Gemini 2.0 do Google, estão entrando de maneira muito competitiva no mercado.

O que o O3 pode oferecer?

O O3 pode ser descrito como uma “superinteligência digital”. Ele é capaz de realizar tarefas como resolver problemas científicos, escrever códigos avançados e analisar dados com precisão extraordinária. Em algumas áreas, ele pode substituir especialistas humanos, como engenheiros e matemáticos, reduzindo custos e acelerando processos.

No entanto, o preço elevado limita seu uso a grandes corporações, governos ou instituições que possam justificar o investimento em troca de ganhos significativos de produtividade. Exemplos práticos incluem a descoberta de novos medicamentos ou a otimização de operações industriais.

O futuro da inteligência artificial

O O3 representa um avanço técnico sem precedentes, mas sua aplicação levanta questões importantes sobre como equilibrar inovação e acessibilidade. Para muitos, a nova geração de IA da OpenAI inaugura uma era em que a inteligência artificial se torna mais poderosa, porém restrita a quem pode pagar por ela.

Com o mercado se tornando mais competitivo e os custos mais altos, o desafio será encontrar maneiras de democratizar o acesso a essas tecnologias sem comprometer a sustentabilidade financeira. A resposta a essa questão pode redefinir o papel da inteligência artificial na economia global.

O que é o Conjunto de Testes de Abstração e Raciocínio (ARC)?

O Conjunto de Testes de Abstração e Raciocínio (ARC) é uma ferramenta desenvolvida pelo pesquisador François Chollet para avaliar a capacidade de raciocínio lógico e abstrato de inteligências artificiais.

Ele propõe desafios visuais em que a máquina deve identificar padrões e resolver problemas inéditos sem qualquer treinamento específico ou acesso prévio aos dados, imitando a maneira como os humanos raciocinam.

Diferente de outros testes, o ARC não mede a habilidade de memorização ou processamento de grandes volumes de dados, mas sim a capacidade da IA de pensar de forma criativa e adaptativa. O modelo O3 da OpenAI destacou-se ao atingir 91,5% de acertos nesses testes, aproximando-se da performance humana em tarefas desse tipo.

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