O Santos cumpriu seu papel. Tornou-se campeão da Série B do Campeonato Brasileiro com duas rodadas de antecipação, garantindo o retorno à Série A. E foi vaiado pela própria torcida na Vila Belmiro na noite em que consumou o feito.

As vaias se explicam pela derrota por 2 a 0 para o CRB no último jogo do campeonato em casa, e também pelo fato de que o clube se tornou o pior campeão da Segunda Divisão da história dos pontos corridos no Brasileirão — também perdeu para o Sport na última partida do ano.

As vaias dos santistas, que escolheram o técnico Fábio Carille como vilão da conquista, contrastam com a alegria humilde dos torcedores do próprio Sport, que garantiu a ascensão contra o próprio Santos, do Mirassol e do Ceará, que não ligam muito para a condição em que seus times subiram para a Primeira Divisão.

As joias

“A corrente de maré corre para frente e para trás em seu serviço incessante, lotada de memórias de homens e navios que ela havia levado para o descanso do lar ou para as batalhas do mar”, diz o narrador de Coração das Trevas.

A corrente “havia levado todos os navios cujos nomes são como joias brilhando na noite do tempo, do Golden Hind retornando com seus flancos redondos cheios de tesouros, para ser visitado pela Alteza Real e assim sair do conto gigantesco, para o Erebus e o Terror, destinados a outras conquistas — e que nunca retornaram”, descreve o livro de Joseph Conrad.

É impossível esquecer as joias que brilham na noite do tempo do Santos. Pelé, Coutinho, Pepe, Dorval, e mais recentemente Robinho, Diego, Neymar. É à sombra deles que a torcida vaia as glórias menores do que o passado fez o santista desejar — e merecer.

O horror

O Santos caiu pela primeira vez em sua história e passou apenas uma temporada longe da Série A, mas as reclamações da torcida já deixaram claro que o clube nunca conseguirá esquecer o período em que frequentou o coração das trevas.

“O horror! O horror!”, diz, logo antes de morrer, Kurtz,…

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