Quem já está pronto para ir à nova passeata do Bolsonaro? Os que ele chamou de malucos?
A política doente que vivemos hoje é fruto disso: carência emocional, déficit educacional e a infantilização do debate público

Essa passeata vai lotar. E não porque exista alguma causa nobre sendo defendida, mas porque no Brasil não falta gente com precariedade cognitiva, desequilíbrio emocional e sede de pertencimento.
Vai encher de emocionados. Gente que acredita que está fazendo história quando, na prática, está apenas servindo de escada para o ego de um líder que já os chamou de “malucos” e “incontroláveis”.
O episódio recente com Alexandre de Moraes mostra isso. Bolsonaro fez piadinha, acenou, sorriu. Nenhuma palavra pelos réus do 8 de Janeiro. Nenhuma menção àqueles que foram às ruas em seu nome e hoje estão atrás das grades.
Bastaria ter dito: “Se quer me prender, prenda. Mas solta aquela gente.” Isso teria sido um gesto de liderança. Não fez. Preferiu se poupar. Jogou os seguidores debaixo do ônibus e ainda se aproximou de quem os prendeu.
E mesmo assim, eles continuam. Vão pra rua. Vestem camisa, cantam hino, pedem intervenção, distribuem panfleto. É fé cega. Uma mistura de fanatismo político com carência afetiva, solidão, baixa escolaridade e ausência de estrutura emocional.
Tem gente que transforma o grupo de WhatsApp em lar. Que acha que militância é reencontro de órfãos. Que não estuda política, não sabe como o sistema funciona, mas se alimenta do ódio ao outro lado e da ilusão de que faz parte de algo maior.
A política doente que vivemos hoje é fruto disso: carência emocional, déficit educacional e a infantilização do debate público. A pessoa não consegue construir uma amizade real, não sabe lidar com frustração, vive em guerra com o espelho, então canaliza tudo na política. E transforma o político da vez em um ser sagrado, um guia, um pai. E se o pai te chama de maluco, você vai à rua mesmo assim, porque a devoção já virou destino.
Bolsonaro lidera esse movimento não porque tenha um grande projeto. Mas porque é o maior catalisador de afetos desorganizados da política brasileira. E mesmo depois de abandonar seus apoiadores, vai continuar arrastando multidões. Porque no fim, não é sobre ele. É sobre o vazio de quem o segue.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (5)
Marcilio Monteiro De Souza
18.06.2025 09:58Perfeito!!! Um povo desgarrado não consegue diferenciar senho de realidade pra eles tudo é sonho. Quando chamou seus apoiarem de maluco mostrou o quanto é o canalha que sempre foi.
Marcia Elizabeth Brunetti
18.06.2025 08:07Lá vai o Broxonaro pedir ao seu gado fanático que o idolatrem, que se ajoelhem diante dele, gritem, esperneiem pela libertação do seu MInto. Deprimente.
Fabio B
18.06.2025 07:32Os doidinhos devem estar até confusos se na passeata deveriam clamar ao Xandão para que aceite o pedido de vice do Bolsonaro.
DUILIO RIBEIRO BARBOSA
18.06.2025 07:20Análise tristemente perfeita.
Marcos Rezende
17.06.2025 21:33Na mosca. Isso precisa ser dito. Parabéns.