O PT, que ainda quebra a cabeça para entender por que se saiu mal das eleições municipais, agora tem outra esfinge à sua frente. A eleição de Donald Trump.

Não tanto pela ação direta que o republicano terá ou não em relação ao Brasil. Mas porque o caldo de contexto político que antecipou a volta do republicano à Casa Branca lembra bastante o que se vive por aqui.

Aqui como lá há um mainstream midiático progressista mal disfarçado, um ex-presidente de direita popular que posa de perseguido da Justiça, inflação, juros altos e a sensação de que o discurso identitário sofre de fadiga de material.

O crescimento da economia e o desemprego baixo não conseguem recuperar o poder de compra anterior à pandemia e a principal liderança está envelhecida. Te soa familiar?

Tudo isso encontra a economia rompida com a autoridade econômica, fazendo sentir no dólar sua profunda desconfiança e obrigando o governo a discutir um plano de ajuste fiscal no meio do mandato.

O cenário é mais do que suficiente para gerar terror no governo. O pacote de corte de gastos passa longe de garantir que tudo vai se arrumar rapidamente e Lula certamente tentará manter a forte trajetória distributivista.

Se arriscar, tomará o caminho não de Joe Biden, mas de Alberto Fernández, ex-presidente argentino que não conseguiu fazer seu sucessor porque se recusou a todo tempo fazer qualquer ajuste numa economia em frangalhos.

Claro que a medida de grandeza do fundo do poço de Brasil e Argentina são diferentes. Mas, no conceito, a decisão que Lula tende a tomar parece a mesma.

Prefere arcar com um desconforto macroeconômico e tentar se sustentar com medidas direcionadas para a maior quantidade de grupos sociais que conseguir.

O problema é que nem agradar o governo tem sabido fazer. Os líderes do partido não entendem por que a velha receita não está dando os mesmos resultados…

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