Jerônimo Teixeira na Crusoé: A falsa morte de Lula e outras ficções
Uma improvável crônica natalina juntando a literatura de Dalton Trevisan, a notícia muito exagerada da morte do presidente e a boa nova de Mateus e Lucas
Longa vida dedicada às formas breves: o último contista brasileiro morreu no dia 9, aos 99 anos.
Dalton Trevisan, escritor de Curitiba, nos deixou mais de 700 contos.
Foi um tipo raro de autor: dedicou-se quase exclusivamente à narrativa breve.
Conquistou gerações de admiradores, criou uma mitologia urbana em torno dos subúrbios de sua cidade natal e cultivou a fama de figura reclusa, avessa a entrevistas, homenagens, fotos.
Cheguei tarde à obra de Dalton. Demorei a entendê-la.
No Gre-Nal (ou Fla-Flu, como dizem os cariocas) dos contistas nascidos em 1925, por muito tempo estive na torcida de Rubem Fonseca (que ficou mais famoso como romancista, mas era melhor no conto).
Lá pelos 20 anos, a prosa direta e objetiva do autor de Feliz Ano Novo e O Cobrador me derrubou.
O coloquialismo lírico e fescenino do criador do Vampiro de Curitiba não encontrou a mesma ressonância na minha sensibilidade juvenil.
Demorei a perceber que mundo ficcional de Dalton era tão ou mais brutal que o de Rubem.
Uma resenha pessoal
No ano passado, a Record lançou Antologia Pessoal, com uma seleção dos melhores contos de Dalton escolhidos por ele mesmo. Resenhei o livro no Brazil Journal.
Depois de mais de três décadas no ofício crítico, às vezes me sinto exaurido pela obrigação de ler não pela leitura em si, mas para escrever sobre o que li.
Não aconteceu assim com Antologia Pessoal. Fazia tempo que não lia Dalton.
Foi uma alegria revisitar suas incontáveis Marias – sejam prostitutas ou donas de casa, todas compartilham da mesma infelicidade –, suas famílias em dissolução, suas crianças abandonadas e seus velhos negligenciados, seus canalhas e cafajestes.
Agora há pouco, li com satisfação o que escrevi sobre livro…
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