“Vá pro inferno!” – Confundador do Hamas se irrita e abandona entrevista
Mousa Mohammed Abu Marzouk foi indagado sobre eficácia do 7/10 em libertar Palestina
O cofundador do Hamas e oficial sênior do grupo terrorista Mousa Mohammed Abu Marzouk se irritou, mandou o âncora para o inferno e interrompeu uma entrevista virtual ao vivo na noite de sexta-feira, 10, no canal de TV pan-árabe Al-Ghad, financiado pelos Emirados Árabes Unidos, ao ser questionado sobre os ataques de 7 de outubro de 2023 e o impacto devastador da guerra na Faixa de Gaza.
Abu Marzouk, primeiro, tentou justificar as ações do Hamas, dizendo que o grupo havia “cumprido seu dever nacional”.
“Fizemos o que a realidade nos impôs — resistência à ocupação, contra a opressão, assentamentos e a prisão de nosso povo em prisões israelenses”, disse ele, omitindo que os referidos prisioneiros não são civis palestinos inocentes, mas, sim, terroristas e criminosos que atacam Israel e os judeus.
Quando indagado se a guerra realmente avançou o objetivo da libertação palestina, Abu Marzouk respondeu vagamente:
“Vamos avaliar tudo — onde fomos bem-sucedidos e onde erramos. Mas não é assim que uma campanha é medida. Ninguém espera que um movimento de libertação alcance tudo em um dia.”
A tensão aumentou quando o entrevistador pressionou ainda mais, como se pode ler na transcrição abaixo e assistir em seguida no vídeo legendado em português por O Antagonista.
ÂNCORA: “Tudo que vocês fizeram em 7 de outubro – a ‘Inundação de Al-Aqsa’ – não levaria à libertação, Dr. Mousa?”
MOUSA: “Ninguém são diria que o 7 de outubro, com 1500 combatentes, poderia libertar a Palestina. Faça perguntas decentes, por favor. Pelo menos respeitosas.”
ÂNCORA: “São perguntas respeitosas. Mas eu pergunto a você… Pergunto ao senhor, Sr. Mousa. Sr. Mousa. Faço as perguntas do povo palestino. Perguntas dos moradores de Gaza.”
MOUSA: “São perguntas suas! Me escute! São perguntas suas!”
ÂNCORA: “São minhas perguntas, mas falo pela rua.”
MOUSA: “Perguntas suas! Quer saber? Chega dessa entrevista.”
ÂNCORA: “Sr. Mousa. O senhor concordou em dar essa entrevista… Agora você não quer?”
MOUSA: “Saia daqui. Desligue. Não quero ver você. Vá pro inferno!”
[O entrevistado cortou a conexão.]
ÂNCORA: “Como é? Não permito, Sr. Mousa Abu Marzouk, que fale dessa maneira. De qualquer forma, isso revela a mentalidade do Hamas, infelizmente. Deveria ter tido mais compostura.”
O trecho do abandono da entrevista rapidamente viralizou nas redes sociais do Oriente Médio e foi visto como uma rara demonstração pública de raiva por uma figura sênior do Hamas em relação à mídia árabe.
Em meios de comunicação árabes, comentaristas descreveram o episódio como evidência da crescente tensão interna do Hamas desde o início da guerra e da crescente frustração do público árabe, particularmente no Golfo, sobre a destruição em Gaza.
O porta-voz do Fatah, Jamal Nazzal, chamou a conversa de “uma desgraça que expõe a falência moral e política de um grupo em ruínas que não consegue mais olhar as pessoas nos olhos”.
O Fatah é o partido laico que comanda a Autoridade Palestina, entidade criada pelos Acordos de Oslo para governar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, mas que perdeu o controle deste último território para o Hamas em 2007.
Mousa Mohammed Abu Marzouk foi o primeiro presidente do Bureau Político do Hamas, de 1992 a 1996, e vice-presidente do mesmo órgão de janeiro de 1997 a abril de 2013, quando foi sucedido por Ismail Haniyeh, um dos idealizadores do 7/10 que acabou eliminado em 31 de julho de 2024 em Teerã, no Irã.
Leia a íntegra da edição especial de Crusoé sobre os 2 anos do 7/10.
Entenda a verdadeira história do Oriente Médio no episódio do Podcast OA! com Samuel Feldberg, exibido em 4/11/2024.
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Comentários (3)
Eliane ☆
12.10.2025 18:18Eles são todos iguais. Os autocratas não aceitam ser confrontados pela mídia (séria).Não foi a primeira e nem a última vez que isso aconteceu.
Marian
12.10.2025 17:15São essas pessoas que acham que o culpado é sempre o outro. Não querem enxergar aquilo que são.
Andre Luis Dos Santos
12.10.2025 15:34Esse cara do Hamas e um "buddy-buddy" do Lula?