Suprema Corte do Irã confirma sentença de morte a rapper
Tataloo, de 37 anos, é acusado de blasfêmia, insulto ao profeta Maomé e propaganda contra o regime iraniano

A Suprema Corte do Irã confirmou a condenação à morte do rapper Amir Hossein Maghsoudloo, conhecido como Tataloo, sob acusações de blasfêmia, insulto ao profeta Maomé e propaganda contra o regime. A decisão foi anunciada oficialmente no sábado, 17, pelo porta-voz do Judiciário iraniano, Asghar Jahangir.
Popular entre os jovens iranianos, Tataloo, de 37 anos, viveu em Istambul, na Turquia, desde 2018, após deixar o Irã em busca de liberdade artística.
O rapper havia sido inicialmente condenado a cinco anos de prisão, mas a sentença foi anulada pela Suprema Corte, que encaminhou o caso a outro tribunal. Este novo julgamento resultou na pena capital, agora confirmada.
Tataloo foi um dos pioneiros do rap no Irã. Iniciou a carreira nos anos 2000 sem licença oficial para atuar no país. Além das acusações religiosas, o artista também foi responsabilizado por supostamente “incentivar a prostituição”, “divulgar conteúdo obsceno” e “atacar os valores da República Islâmica” por meio de suas músicas e clipes.
O rapper, que possui tatuagens que cobrem todo o corpo, inicialmente atraiu a atenção de políticos conservadores que viam nele uma oportunidade de se conectar com jovens iranianos mais liberais.
Em 2017, Tataloo chegou a se encontrar com Ebrahim Raisi, que mais tarde se tornaria presidente do Irã. Raisi morreu em um acidente de helicóptero em maio de 2024.
Repressão no Irã
A condenação ocorre em meio a uma onda de repressão a artistas no Irã, intensificada desde os protestos de 2022, provocados pela morte da jovem Jina Mahsa Amini sob custódia da polícia da moralidade.
Desde então, o regime tem ampliado o cerco a vozes dissidentes.
Outros casos incluem o do rapper Toomaj Salehi, condenado à morte em 2023 por apoiar os protestos.
A sentença foi anulada, e ele foi libertado no fim de 2024, mas voltou a ser julgado em 2025. Salehi afirmou ter sido torturado na prisão e mantido em isolamento por nove meses.
Em janeiro de 2024, o cantor Mehdi Yarrahi também foi condenado a quase três anos de prisão por criticar a obrigatoriedade do uso do véu e recebeu 74 chicotadas enquanto estava em prisão domiciliar.
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Comentários (1)
Marian
17.05.2025 16:54Não dá para nos associarmos a um sistema que elimina quem pensa diferente.