“Soldados da paz” europeus na Ucrânia?
Em meio a um cenário de intensas mudanças na Ucrânia, a discussão sobre o futuro pós-conflito ganha impulso
A situação na Ucrânia tem se deteriorado rapidamente, com o avanço contínuo das forças russas no Donbass e ataques incessantes à infraestrutura civil, mesmo nas regiões ocidentais.
O inverno que se aproxima promete ser o mais desafiador desde o início da invasão em larga escala, em fevereiro de 2022, tanto para a população quanto para as forças ucranianas.
Cresce também a incerteza sobre o futuro apoio dos Estados Unidos sob a nova administração de Donald Trump, o que intensifica os debates sobre o período “pós-guerra”. Existe até especulação sobre a possibilidade de um cessar-fogo iminente.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reacendeu essa discussão ao declarar em uma entrevista que a retomada de todo o território ucraniano não é uma condição indispensável para alcançar um cessar-fogo.
Segundo ele, a fase mais intensa do conflito poderia terminar se as áreas sob controle ucraniano fossem imediatamente colocadas sob a proteção da Otan.
Posição da Otan
Essa perspectiva chamou a atenção em Bruxelas, onde os ministros das Relações Exteriores dos 32 países da Otan se reuniram. A expectativa girava em torno de possíveis garantias de segurança à Ucrânia ou mesmo passos concretos rumo à adesão do país à aliança.
Embora não haja decisões definitivas nesse sentido, conversas estão em andamento nos bastidores.
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, teve a tarefa de reiterar a posição da aliança. Em essência, sua mensagem foi essa: antes de qualquer negociação ou acordo de paz, é crucial fortalecer militarmente a Ucrânia para que ela esteja em posição de negociar.
Rutte enfatizou que o caminho da Ucrânia para ingressar na Otan é “irreversível”, mas não forneceu detalhes específicos.
Além disso, destacou que os membros da Otan planejam destinar pouco mais de dois por cento de seus PIBs para defesa, mas que esse valor ainda é insuficiente diante das necessidades atuais.
Seguranças adicionais
Um artigo no “Le Monde” revelou discussões entre França e Reino Unido sobre liderar uma força de paz para monitorar uma zona desmilitarizada na região.
Essas negociações foram mencionadas durante a visita do primeiro-ministro britânico Keir Starmer ao presidente francês Emmanuel Macron.
Entretanto, um comentário da ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, gerou controvérsia.
Ao discutir o papel potencial da Alemanha em uma presença internacional na Ucrânia, ela afirmou que seu país apoiaria qualquer iniciativa que promovesse a paz futura. Horas depois, o chanceler Olaf Scholz contradisse essa interpretação no Bundestag, afirmando ser impossível enviar tropas alemãs à Ucrânia nas circunstâncias atuais.
União Europeia
Por outro lado, Kaja Kallas, nova representante da União Europeia para Relações Exteriores, adotou uma postura mais aberta durante sua visita a Kiev. Ela sugeriu que nenhuma opção deveria ser descartada enquanto buscava apoio concreto aos esforços ucranianos.
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