SIP exige libertação de jornalistas na Venezuela
Repressão, censura, tipos penais ambíguos e prisões sem mandado são recorrentes na Venezuela de Nicolás Maduro

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) fez um apelo urgente à Venezuela na terça-feira, 10, demandando a liberação imediata de três jornalistas detidos por exercerem suas funções informativas, em um cenário de crescente repressão contra a imprensa independente.
A organização, com sede em Miami, condenou veementemente a “desaparição forçada e posterior prisão arbitrária” do jornalista Carlos Marcano, da repórter Nakary Mena Ramos e do cinegrafista Gianni González, enfatizando que tais atos configuram uma instrumentalização da justiça para fins de censura.
A repressão à imprensa como política de estado
Entre os casos destacados pela SIP, está o de Carlos Marcano, também professor universitário e colaborador de organizações civis, detido no dia 23 de maio, em sua residência, em Caracas. Sua família relata que ele permanece incomunicável após ser transferido para o presídio de Tocuyito. Segundo as fontes, Diosdado Cabello, ministro de Relações Interiores, Justiça e Paz, acusou Marcano em seu programa televisivo de planejar atos de violência para as eleições regionais e legislativas de 25 de maio.
Quanto à repórter Nakary Mena Ramos e seu marido, Gianni González, eles foram detidos em 8 de abril, após a publicação de uma reportagem sobre a criminalidade em Caracas. Os jornalistas estiveram desaparecidos por mais de 48 horas, e lhes foram imputados os crimes de “instigação ao ódio” e “publicação de informação falsa”.
A reportagem, que incluía testemunhos de cidadãos sobre o aumento da insegurança em áreas populares, contrasta com a narrativa oficial do governo venezuelano, gerando preocupações sobre possíveis pressões estatais que levaram à sua remoção de plataformas como o portal Impacto Venezuela.
Ameaças sistêmicas à liberdade de imprensa
Martha Ramos, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, afirmou que esses eventos demonstram como o sistema judiciário é empregado como ferramenta de censura, e reiterou que a Venezuela deve descontinuar essas práticas repressivas e aderir aos padrões internacionais de liberdade de expressão e devido processo.
De acordo com José Roberto Dutriz, presidente da SIP, a criminalização do jornalismo crítico e o uso de figuras penais ambíguas, como a “instigação ao ódio”, são parte de um padrão sistemático de perseguição contra quem informa com independência.
Estes incidentes ocorrem enquanto o Colégio de Jornalistas de Venezuela registra 16 jornalistas presos desde as eleições presidenciais de 28 de julho.
No Índice de Chapultepec de 2024, a SIP classificou a Venezuela na 21ª posição entre 22 países analisados em termos de comportamento das liberdades de expressão e de imprensa, refletindo um cenário alarmante para o exercício do jornalismo independente na nação sul-americana.
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Comentários (1)
Maraci Rubin
12.06.2025 21:22Ditadura vexaminosa !!! E o presidente do Brasil apoiando isso