“Seria útil que Lula enviasse mensagem clara a Maduro”, diz María Corina
"Não há lugar para neutralidade, nem para silêncio", disse a Nobel da Paz à Folha
A líder da oposição venezuelana e vencedora do Nobel da Paz 2025, María Corina Machado (foto), afirmou que o presidente Lula (PT) deveria pedir ao ditador Nicolás Maduro “ir embora”.
“Acho que, neste momento, apesar das diferenças evidentes que surgiram entre o governo do Brasil e Nicolás Maduro —porque é claro que ele ultrapassou todos os limites, rompendo até antigas alianças—, ainda existem canais. Seria muito útil que o presidente Lula, assim como os demais chefes de Estado do continente, enviasse uma mensagem clara a Maduro: “Chegou a sua hora de ir embora. Acabou. Vá, para o seu próprio bem, Maduro. Aceite isso“, disse em entrevista à Folha de S. Paulo.
Corina ressaltou que não há espaço para “meios-termos” ou neutralidade diante da pressão sobre o regime chavista:
“Se há um momento de definições, é este. Aqui não há meios-termos. Há um povo que exerceu sua soberania em condições absolutamente extremas, injustas, ilegais —condições que vocês, no Brasil, jamais aceitariam. Do outro lado, está o cartel do narcoterrorismo, com Maduro e um grupo muito pequeno de civis e militares do alto escalão que estão fazendo fortunas obscenas à custa da fome do nosso povo. Diante disso, não há lugar para neutralidade, nem para silêncio. A história será implacável”, afirmou.
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Exílio e isolamento
María Corina, que está isolada há mais de 14 meses em paradeiro desconhecido, comentou sobre a distância física de sua família.
Especula-se que ela esteja protegida em uma embaixada.
“Estou em isolamento físico total. Já faz 14 meses que estou absolutamente sozinha. Obviamente, me fornecem alimentos, mas estou completamente sozinha. E isso, claro, também me obrigou a refletir sobre essa nova forma de luta e a encontrar mecanismos para me comunicar com os venezuelanos e com o mundo, graças a Deus, por meio da tecnologia.”
Operação da CIA
Corina negou ter qualquer envolvimento com ações secretas autorizadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Venezuela:
“A operação que os Estados Unidos estão conduzindo é estritamente dirigida por eles, na qual nós não estamos envolvidos.”
Ela pediu que todos os governos da América Latina se pronunciem sobre a invasão que ocorre há anos em seu país, incluindo a presença de agentes cubanos, russos, iranianos, grupos terroristas como Hezbollah e Hamas, cartéis de droga, como o Cartel de los Soles, e a guerrilha colombiana:
“Pedimos ao mundo inteiro, durante anos, que reconheça que a tirania no nosso país não é uma ditadura convencional. Estamos falando de um regime criminoso e narcoterrorista que utiliza os recursos obtidos com suas atividades ilícitas para reprimir.
É terrorismo de Estado para dentro e narcoterrorismo para fora. Temos pedido que esses fluxos sejam interrompidos, e precisamente essas ações no âmbito da operação antinarcóticos buscam cortar essas fontes de financiamento. E isso é algo que nós, os venezuelanos —a imensa maioria—, agradecemos profundamente.”
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Comentários (2)
Marian
17.10.2025 18:18Mas enviou hoje uma declaração de apoio. E aí?
Rosa
17.10.2025 18:12A Corina não foi informada das maracutais do passado de Lula?