Presidente de Madagascar denuncia “tentativa de golpe de Estado”
Unidade militar Capsat anunciou que está “comandando operações de segurança do país” e nomeou general como novo chefe do Exército
A presidência de Madagascar denunciou neste domingo, 12, uma “tentativa de tomada de poder ilegal e pela força”, após uma unidade de elite do Exército declarar que assumiu o controle das Forças Armadas. A crise ocorre em meio a protestos que há semanas mobilizam milhares de pessoas na capital, Antananarivo, e em outras regiões do país.
A unidade militar Capsat, que levou o presidente Andry Rajoelina ao poder em 2009, anunciou que está “comandando as operações de segurança do país” e nomeou o general Demosthene Pikulas como novo chefe do Exército. A decisão foi tomada após a adesão pública de parte das tropas às manifestações que pedem a renúncia do presidente.
Em publicação nas redes sociais, o gabinete de Rajoelina afirmou que o presidente permanece “no país… gerindo os assuntos nacionais” e defendeu o diálogo como saída para a crise.
“O gabinete da presidência da república deseja informar a nação e a comunidade internacional que está em curso uma tentativa de tomada de poder ilegal e pela força”, diz o texto.
O paradeiro de Rajoelina, no entanto, é incerto, e há especulações de que ele possa ter deixado o país.
Protestos
No sábado, 11, tropas da Capsat deixaram a base no distrito de Soanierana, no sul da capital, e seguiram em veículos blindados até a simbólica Praça 13 de Maio, ponto histórico de protestos no país.
As manifestações começaram em 25 de setembro, motivadas pela escassez de água e energia, e logo evoluíram para um movimento nacional contra o governo.
Jovens do movimento Gen Z Madagascar, inspirados em protestos semelhantes no Quênia e no Nepal, lideram as mobilizações, que agora exigem uma reforma completa do sistema político.
A ONU estima que 22 pessoas morreram desde o início dos protestos. Já a presidência afirma que 12 “saqueadores e vândalos” perderam a vida.
Madagascar, país com cerca de 32 milhões de habitantes, é uma das nações mais pobres do mundo, com um PIB per capita de apenas US$ 545, segundo o Banco Mundial. O país ocupa ainda o 140º lugar no índice de percepção da corrupção da Transparência Internacional.
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