Presidente da Colômbia se diz censurado pela oposição
Conselho de Comunicações (CNC) restringiu as alocuções de Petro em cadeia nacional a situações emergenciais a fim de não comprometer a pluralidade informativa nos meios de comunicação
Em resposta às recentes decisões do Conselho de Estado e da Comissão Nacional de Comunicações (CNC), que impuseram restrições às alocuções presidenciais, Gustavo Petro, presidente da Colômbia divulgou em suas redes sociais uma entrevista na qual denunciou o que considera ser uma forma de censura:
“É uma censura contra um presidente que foi escolhido pela sociedade atual”. Ele complementou: “Isso se chama golpe de Estado”.
O presidente direcionou suas críticas inicialmente ao Conselho de Estado, que, na semana passada, decidiu que as alocuções presidenciais devem ser reguladas devido ao uso considerado “indevido” por parte de Petro.
Segundo o veredicto, as falas de Petro em cadeia nacional devem ocorrer apenas em situações emergenciais e ter duração reduzida, para não comprometer a pluralidade informativa nos meios de comunicação, que precisam interromper sua programação por horas para atender aos pronunciamentos do presidente.
Essa decisão surgiu em resposta a uma ação judicial proposta pela oposição, incluindo o falecido senador Miguel Uribe Turbay, que alegaram violação do direito à informação ao uniformizar o conteúdo transmitido por todos os canais.
O presidente interpretou essa deliberação como um ataque político vindo da oposição, afirmando que “a oposição censura o presidente”, um argumento já utilizado por ele ao mencionar supostos golpes de Estado ‘brancos’ durante seu governo.
Relevância imediata?
Na quarta-feira, 16 de outubro, atendendo à determinação do tribunal, a Comissão Nacional de Comunicações rejeitou um pedido do presidente para realizar uma alocução sobre cultivos de coca.
A comissão justificou sua decisão com base na falta de critérios de urgência e relevância imediata exigidos pelo Conselho de Estado.
No estúdio da RTVC, Petro questionou a definição do que constitui urgência ou relevância imediata no contexto das alocuções presidenciais. “O tema do narcotráfico e a descertificação da Colômbia não são assuntos de relevância imediata?”, indagou ironicamente.
Ele ainda ressaltou outros temas como saúde e corrupção, argumentando que também merecem atenção imediata e são de interesse público.
Petro criticou as solicitações para encurtar suas falas e atacou a CNC por ser composta por comissionados provenientes de administrações anteriores.
O presidente colombiano aproveitou a entrevista para reafirmar suas habilidades como comunicador e orador, descrevendo suas longas alocuções como uma maneira de combater informações distorcidas veiculadas pela mídia privada.
Ao ser questionado se sua eloquência contribuiu para sua popularidade, o presidente respondeu orgulhosamente:
“Isso se chama um dom comunicacional; quando tento explicar com sinceridade o que percebo da realidade colombiana”.
Até o momento, Petro já realizou mais de 52 alocuções durante seu mandato — número significativamente superior ao de seus antecessores — e não demonstra intenção de reduzir essa frequência.
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