Porta-voz da Rússia destaca proximidade entre Putin e Lula
Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, foi questionado se o petista é visto como aliado do ditador russo
Em entrevista à Folha, o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, destacou a proximidade entre o ditador Vladimir Putin e o presidente Lula. Questionado se o petista é visto como aliado de Putin, Peskov respondeu:
“Nós sabemos que o presidente Lula é a favor do desenvolvimento das nossas relações, e do diálogo sobre temas complexos e difíceis.
O Brasil é um parceiro comercial e econômico muito importante para nós. Esperamos que a nossa cooperação aumente, apesar de todos os obstáculos e dificuldades existentes.
O que muitas vezes nos une também é uma visão similar do mundo e da essência das relações internacionais.
Putin e Lula se falam bastante, e discutem sobre isso em suas conversas. Por isso estamos juntos em organizações como o Brics.
Nós gostamos muito do Brasil, nós amamos o Brasil. E contamos com a reciprocidade do Brasil.”
Lula tem sido alvo de reiteradas críticas do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, por priorizar a “aliança com um agressor”. Recentemente, o petista aliviou para o ditador russo durante sua participação por videoconferência na reunião de cúpula dos Brics.
Em seu discurso, o presidente, ao se referir à guerra na Ucrânia, disse apenas que é preciso “evitar uma escalada e iniciar negociações de paz”.
“No momento em que enfrentamos duas guerras com potencial de se tornarem globais, é fundamental resgatar nossa capacidade de trabalhar juntos em prol de objetivos comuns”, afirmou Lula.
“Posição fraca”
Na semana passada, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou Lula por ter permitido que a declaração do G20 refletisse uma “posição fraca” sobre a guerra na Ucrânia, sem mencionar a Rússia.
A declaração de 24 páginas dos países do G20 fala apenas em soberania e autodeterminação dos povos de maneira geral e, de modo mais específico, para os palestinos. Mas não apresentou qualquer defesa dos ucranianos.
Zelensky afirmou ainda que o Brasil “é um grande país” e agradeceu o apoio da maioria do povo brasileiro à Ucrânia, mas ressaltou que, “infelizmente, a cúpula do G20 decorreu com um apoio muito fraco” a Kiev.
“Essa fraqueza permite a Putin, durante estes eventos globais, quando o G20 se reúne, atacar com novos mísseis, depois de [chanceler alemão Olaf] Scholz lhe ter telefonado. Penso que se houver declarações fortes, apelos fortes, passos fortes, então Putin não se comportará assim.”
Responsabilidade de Lula
Como mostramos, as tensões dominaram as negociações diplomáticas em 17 de novembro, quando os representantes das nações do G20 se depararam com um impasse em relação à declaração conjunta sobre a guerra na Ucrânia.
Após um ataque russo em larga escala, as nações europeias mais críticas à Rússia estavam diante de duas opções: solicitar diretamente a revisão do trecho específico sobre o conflito ou delegar essa decisão ao Brasil. Optaram pela segunda estratégia, transferindo assim a responsabilidade para o governo brasileiro. Lula decidiu não retomar as discussões.
A estratégia adotada pelo G7 foi deixar essa responsabilidade nas mãos do Brasil.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, lamentou a ausência do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na reunião do G20. Apesar dos esforços do chanceler e de outros líderes para garantir sua presença, a Ucrânia não faz parte do grupo e Zelensky não foi convidado pelos anfitriões brasileiros.
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