Popularidade do primeiro-ministro alemão desaba após romper regra fiscal
Merz amplia endividamento para rearmar exército e vê AfD ultrapassar governo nas pesquisas
A popularidade do primeiro-ministro alemão Friedrich Merz entrou em colapso cinco meses após sua posse.
Pesquisas do instituto Forsa indicam que 70% dos alemães estão insatisfeitos com seu governo, enquanto o partido populista Alternativa para a Alemanha (AfD) lidera as intenções de voto com 27%, superando a coalizão governista.
O resultado marca a pior fase de Merz desde que assumiu o poder em meio a promessas de austeridade e estabilidade.
O declínio começou quando o líder da União Democrata-Cristã (CDU) rompeu a promessa de manter o “freio da dívida”, cláusula constitucional que limita o endividamento público.
Logo após tomar posse, ele defendeu suspender a regra para financiar um amplo programa de rearmamento das Forças Armadas, justificando a decisão como resposta à ameaça russa.
A guinada fiscal enfureceu aliados conservadores e expôs divisões internas em sua coalizão com os social-democratas (SPD).
A tensão atingiu o auge durante sua confirmação no Parlamento, em maio, quando parte da própria bancada da CDU se rebelou, quase impedindo sua nomeação.
Desde então, Merz luta para controlar um governo que parece cada vez mais fragmentado e isolado.
Paralelamente, ele tentou recuperar apoio com ações de impacto na política migratória.
O Ministério do Interior reforçou controles nas fronteiras e, em julho, organizou com o Catar a deportação de 81 condenados afegãos para Cabul.
O número de refugiados caiu em 50 mil no primeiro semestre, mas especialistas dizem que o resultado é mais estatístico do que real, já que o fluxo de novos pedidos de asilo vinha diminuindo antes das medidas.
Enquanto isso, a economia se deteriora.
O desemprego chegou a 6,3%, o maior nível em dez anos, e gigantes industriais como a Bosch anunciaram cortes de milhares de empregos.
A Federação da Indústria Alemã fala em “crise estrutural”, marcada por energia cara, burocracia excessiva e perda de competitividade frente à China.
O AfD, liderado por Alice Weidel, explora o desânimo com ataques ao “sistema político falido” e ganha terreno inclusive no oeste do país, tradicional reduto centrista.
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