Polônia se consolida como potência militar na Europa
País é o terceiro maior em efetivo militar na OTAN e registra forte expansão de seu orçamento de defesa

A Polônia está se consolidando como uma força importante no cenário europeu. Desde 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia, o país passou por uma transformação significativa em suas Forças Armadas.
Atualmente, a Polônia ocupa a terceira posição em efetivo militar entre os membros da OTAN, atrás apenas dos Estados Unidos e da Turquia. Com mais de 200 mil soldados e um orçamento triplicado em termos reais, atingindo US$ 35 bilhões anuais, o país é hoje um dos maiores investidores em defesa na Europa.
Com a presidência rotativa do Conselho da União Europeia em 2025, a Polônia coloca a segurança como tema central de sua agenda. O primeiro-ministro Donald Tusk, que assumiu o cargo após o governo do partido Lei e Justiça (PiS), busca transformar o país em um pilar de estabilidade na fronteira oriental da Europa.
Para isso, a Polônia aposta em alianças estratégicas com os Estados Unidos, consolidando compras de equipamentos de ponta, como os helicópteros Apache e sistemas de defesa Patriot, em negócios que somam cerca de US$ 60 bilhões.
Apesar do fortalecimento militar, a Polônia enfrenta dilemas geopolíticos. A hesitação em apoiar iniciativas como o envio de tropas da OTAN para a Ucrânia reflete o contexto político interno. O governo Tusk, que tenta desmontar estruturas herdadas do PiS, enfrenta resistência de um presidente alinhado ao partido conservador.
A situação política também se torna mais sensível com a proximidade das eleições presidenciais, previstas para maio, que podem definir o futuro do projeto de reformas do governo.
A relação com a Ucrânia, embora crucial, é marcada por tensões históricas e por uma percepção de ingratidão em relação à ajuda polonesa. Embora a Polônia tenha sido o principal destino de refugiados ucranianos e o principal canal de apoio logístico ao país vizinho, os poloneses sentem-se frequentemente ignorados nos diálogos estratégicos conduzidos por Kiev com potências ocidentais.
Com um crescimento econômico sólido – 3% em 2024 –, a Polônia busca equilibrar investimentos em defesa com sua agenda europeia. A aposta do governo é garantir um papel central na segurança continental, defendendo a entrada da Ucrânia na OTAN e na União Europeia, como forma de conter a expansão russa.
O ministro da Defesa, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, destaca que a prioridade polonesa é manter os Estados Unidos engajados na segurança da Europa. “Sem os EUA, a OTAN não funciona”, declarou, reforçando que a Polônia busca ser a ponte entre Washington e Bruxelas.
Enquanto isso, a modernização militar do país segue a todo vapor, com previsão de que suas novas capacidades estejam plenamente operacionais até 2027. Mais do que um reforço para a segurança nacional, o movimento polonês é um claro recado de que o equilíbrio de poder na Europa está mudando.
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