“Os Estados Unidos estão de volta como líderes globais”
O general Jack Keane, analista militar norte-americano, explica como o ataque coordenado por EUA e Israel pode encerrar 45 anos de hostilidade iraniana

O general quatro-estrelas aposentado Jack Keane, analista estratégico da Fox News, concedeu entrevista neste sábado, 22, para comentar a operação militar batizada de Midnight Hammer, conduzida pelos Estados Unidos em apoio a Israel, contra alvos nucleares no Irã.
Keane, figura influente entre os militares nos EUA, foi direto: “tivemos que ajudar os israelenses a desmontar o programa nuclear iraniano. Isso é o que está acontecendo.”
Segundo ele, a operação teve quatro pilares: sigilo absoluto, uso de táticas de dissimulação, força esmagadora e execução impecável.
“A complexidade da operação é óbvia, mas nada vazou, o que é impressionante em uma sociedade aberta como a nossa“, afirmou Keane.
O general destacou que houve manobras de disfarce, como aviões voando inicialmente para o oeste, antes de mudarem a rota para o leste e atingirem os alvos iranianos. “O presidente também contribuiu para a dissimulação ao dizer que tomaria uma decisão em algumas semanas, quando ela já havia sido tomada.”
O aspecto militar mais comentado foi o uso massivo de bombas penetrantes do tipo MOP, usadas para destruir instalações subterrâneas. “Falava-se em duas ou três bombas. Foram 14.” A ofensiva atingiu três alvos indicados por Israel como prioritários.
Keane ressaltou o impacto psicológico da ação sobre os aliados do Irã.
“O Hezbollah foi criado para defender o Irã de um ataque israelense. Mas não reagiram. Seu ânimo quebrou.” Segundo ele, os israelenses garantiram que os arsenais do grupo libanês seguem intactos, “mas eles viram o que está acontecendo com o Irã e não querem arriscar tudo.”
O general destacou ainda a ausência de reação de potências aliadas ao Irã.
“Onde estão Rússia e China? Nenhum deles ofereceu qualquer assistência militar ao Irã.” Para Keane, isso demonstra o isolamento crescente dos aiatolás e o potencial de mudança estratégica: “estamos à beira de encerrar o comportamento maligno e agressivo do Irã na região.”
Segundo ele, o ataque eliminou o risco imediato de uma corrida nuclear no Oriente Médio. “Os árabes não vão dizer isso em público, mas estão aliviados.”
Ele acredita que o regime iraniano enfrenta uma ameaça existencial: “a sobrevivência do regime e do IRGC [guarda revolucionária] está em risco como nunca vimos em 45 anos.”
Em resposta a uma pergunta sobre a possibilidade de retaliação, Keane foi taxativo: “o Irã sabe que, se reagir com um ataque aos nossos alvos ou bases, sofrerá consequências devastadoras.”
Segundo ele, “a liderança militar foi decapitada, a civil está escondida debaixo da terra.”
Outro ponto central da entrevista foi a percepção global do poder militar americano. “O mundo viu as forças armadas mais poderosas do planeta atuarem com perfeição.”
Para Keane, a mensagem para aliados e adversários é clara: “os Estados Unidos estão de volta como líderes globais.”
O general também criticou administrações anteriores, dizendo que “Obama e Biden ficaram paralisados pelo medo de consequências negativas.”
Segundo ele, o atual presidente foi além: “ele perguntou qual seria o impacto de não fazer nada. E foi isso que permitiu superar o medo.”
No final, Keane alertou para possíveis ameaças internas, mencionando relatórios do FBI e do Congresso sobre riscos de atentados em solo americano. Mas afirmou ter confiança na capacidade de contrainteligência: “o simples fato de reconhecerem a ameaça já mostra que estão atentos.”
Para ele, a operação Midnight Hammer poderá ser um divisor de águas: “não vamos invadir o Irã, nem reconstruí-lo. Só queremos que parem. E acho que vamos conseguir isso.”
Quem é Jack Keane
Jack Keane é general quatro-estrelas reformado do Exército dos Estados Unidos, ex-vice-chefe do estado-maior do Exército, com décadas de atuação em inteligência e planejamento estratégico. Atualmente é analista militar sênior da Fox News.
Atuou como conselheiro informal de segurança nacional em governos republicanos e recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade em 2020.
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