O jogo de Putin para atiçar divisões na Europa
Há divisões internas da UE em relação à questão energética, que se tornou um tema crítico à medida que os europeus buscam reduzir sua dependência do gás russo. Moscou tem explorado essas discordâncias

Nos últimos meses, a Rússia tem intensificado suas tentativas de fortalecer laços com líderes europeus mais favoráveis ao Kremlin, em um contexto marcado pela guerra na Ucrânia.
O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, e o premier da Hungria, Viktor Orban foram os únicos líderes europeus a visitar Moscou para dialogar com Putin desde o início do conflito em 2022.
Em julho do ano passado, Orban aceitou um convite do presidente russo para discutir uma proposta de cessar-fogo na Ucrânia, uma iniciativa que acabou não prosperando.
Na véspera do Natal anterior, Robert Fico também fez uma visita à Rússia, expressando sua indignação pela decisão da Ucrânia de interromper o fornecimento de gás russo para a Europa.
Essa interrupção ocorreu após o término de um contrato firmado em 2019. A Eslováquia possui um acordo de longo prazo com a Gazprom e argumentou que as novas condições acarretariam custos adicionais significativos para o país.
Questão energética
Há divisões internas da UE em relação à questão energética, que se tornou um tema crítico à medida que os europeus buscam reduzir sua dependência do gás russo. Moscou, por sua vez, tem explorado essas discordâncias em seu favor.
A estratégia russa visa influenciar os processos políticos dentro da Europa, promovendo o fortalecimento de aliados e dificultando a atuação de opositores.
Putin não vê a Europa como um ator único. Ele identifica uma elite política contrária à Rússia em alguns países e observa que setores como o empresariado e partes da população são mais receptivos às propostas russas.
Táticas de influência
O arsenal de táticas russas é amplo e variado: desde ações diretas de influência política até manipulações eleitorais em países como Moldávia.
Recentemente, incidentes relacionados à segurança na Grã-Bretanha levantaram suspeitas sobre operações dos serviços secretos russos.
Não existe uma única linha de comando no Kremlin sobre as operações dos serviços especiais; cada um atua com certo grau de autonomia.
Sem sucesso
Apesar das manobras de Orban para condicionar as sanções contra a Rússia à retomada do gás via território ucraniano, as medidas restritivas têm sido renovadas consistentemente pelos estados membros da UE.
Embora tenha havido tentativas pontuais de Moscou para fomentar divisões entre os membros da União, essas estratégias não têm obtido sucesso total.
Efeito Trump
Por outro lado, a ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos representa um novo elemento de divisão entre os países europeus.
Há preocupações sobre como uma possível negociação entre Trump e a Rússia poderia afetar o papel da Europa no processo. Uma Europa dividida favoreceria os interesses russos.
Leia também: Putin “destruirá a Rússia” se disser não a acordo, diz Trump
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Comentários (1)
Alexandre Ataliba Do Couto Resende
07.02.2025 09:26OA deveria assumir seu viés de propaganda de Putin. A UE tem 27 países, dois líderes são pró-Putin e vocês vêm falar em divisão na Europa? Aliás um deles tem enfrentado fortes protestos. Apesar da posição de Trump não ser totalmente clara no conflito os fatos o são: aumentou o envio de armas para Ucrânia e liberou o uso de armamentos onde a Ucrânia bem entender. Mas nada disso é notícia por aqui. Espero que o jabá esteja sendo bom por parte do Putin.