O Catar “comprou” os EUA?
Portal revela plano bilionário para cooptar políticos, universidades e a imprensa americana

O Catar gastou aproximadamente 100 bilhões de dólares (cerca de 515 bilhões de reais) ao longo das últimas duas décadas para consolidar sua presença nos Estados Unidos, conforme revelou uma investigação do portal The Free Press.
Os recursos foram direcionados a universidades, think tanks, grupos de mídia, corporações, lobbies e campanhas políticas. O montante seria suficiente para bancar por um ano inteiro toda a estrutura do governo federal brasileiro. Também supera o PIB anual de países como Uruguai, Bolívia ou Paraguai.
O impacto da estratégia é perceptível: na quarta, 15, o presidente Donald Trump desembarca em Doha para visitar a base aérea de Al Udeid — maior instalação militar americana no Oriente Médio —, encontrar-se com a família Al Thani.
A base aérea, financiada integralmente pelo governo do Catar desde 2013 com mais de US$ 8 bilhões, abriga forças dos Estados Unidos e do Reino Unido e serve como centro logístico do Pentágono na região.
Em 2022, o governo Biden designou o país como “aliado importante fora da Otan”, status que facilita a venda de armas e o apoio militar americano.
Embora o Catar se apresente como aliado estratégico dos EUA e interlocutor no Oriente Médio, especialmente após o massacre do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, a monarquia também é apontada como financiadora do grupo terrorista, abriga líderes do Talibã e mantém vínculos com a Irmandade Muçulmana.
O canal estatal Al Jazeera é acusado por autoridades israelenses de operar como braço de propaganda desses grupos.
A influência do Catar penetrou também o Congresso dos EUA.
Desde 2017, foram gastos US$ 225 milhões em lobbies e relações públicas.
Políticos de ambos os partidos têm se beneficiado de doações, viagens e encontros custeados por Doha.
Um exemplo é o senador Lindsey Graham, tradicional aliado de Israel, que passou a elogiar o regime do Catar após investimentos bilionários em seu estado, a Carolina do Sul.
A infiltração se estende à mídia. O site conservador Newsmax recebeu US$ 50 milhões da família Al Thani. O comentarista John Fredericks, ligado à campanha de Trump, foi remunerado por divulgar autoridades do Catar em seu programa.
O país também financia campanhas publicitárias em veículos como The New York Times, The Wall Street Journal e CNN, e abriga campi de universidades americanas em Doha, como Georgetown, Northwestern, Cornell e Texas A&M — esta última decidiu encerrar suas atividades no país até 2028.
Questionado por The Free Press, o governo do Catar não respondeu às solicitações de entrevista.
O levantamento considerou registros públicos, documentos confidenciais e depoimentos de diplomatas e autoridades dos EUA, Europa e Oriente Médio.
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