Meloni quer liderar reconciliação entre EUA e Europa
Em Washington, primeira-ministra italiana propõe papel de ponte diplomática para evitar guerra comercial com Trump

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, desembarcou em Washington com a missão de conter o avanço de uma crise comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia.
Em reunião com o presidente Donald Trump, ela se apresentou como interlocutora confiável entre as duas potências econômicas, num esforço para preservar o comércio transatlântico e evitar tarifas que ameaçam bilhões de dólares em exportações.
Com o respaldo de um superávit comercial de US$ 45 bilhões da Itália com os EUA em 2024, Meloni defendeu um acordo tarifário baseado na proposta europeia de “zero por zero” para bens industriais.
Segundo ela, esse modelo é a única forma de “preservar os interesses recíprocos e evitar um conflito econômico de grandes proporções”.
A líder italiana afirmou ainda que “uma guerra comercial não ajuda ninguém”, sinalizando disposição para atuar como mediadora num momento em que Bruxelas tem sido deixada de fora das principais negociações com Washington.
A visita foi cuidadosamente calculada para reforçar a imagem de Meloni como líder pragmática e estratégica.
Ao mesmo tempo em que protege os interesses da economia italiana, ela busca reposicionar a Itália como canal de diálogo preferencial entre os EUA e o bloco europeu. Desde que Trump assumiu seu novo mandato, a União Europeia tem sido marginalizada em decisões-chave, como as relacionadas à guerra na Ucrânia.
Meloni tenta preencher esse vácuo, articulando-se como parceira confiável para ambas as partes.
A pauta do encontro também incluiu temas de defesa, com a italiana acenando positivamente para um aumento nos gastos militares, medida que agrada o governo americano e reforça os compromissos bilaterais.
Embora o gesto possa provocar reações em Bruxelas, onde cresce o apelo por uma autonomia estratégica na área de defesa, Meloni aposta na diplomacia para conciliar os interesses do continente com os de Washington.
Internamente, a missão diplomática fortalece a posição da primeira-ministra diante de uma coalizão de governo marcada por divergências.
Ao assumir protagonismo no cenário internacional, ela equilibra as pressões dos vice-primeiros-ministros Matteo Salvini, de orientação nacionalista, e Antonio Tajani, defensor da integração europeia.
Meloni foi a única chefe de governo europeia convidada para a posse de Trump em janeiro.
Após a reunião desta semana, ela anunciou que receberá em Roma o vice-presidente americano JD Vance, consolidando o papel da Itália como canal direto com a nova administração republicana.
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Comentários (2)
Marian
17.04.2025 10:49Ursula von der Leyen irá deixar?
Clayton De Souza pontes
17.04.2025 08:38Que bom ver esforço pra conter o afastamento entre a Europa e os EUA, que só fortalecia o Putin