Os israelenses Eli Sharabi, 52, Or Levy, 34, e Ohad Ben Ami, 56, libertados na manhã deste sábado, 8, pelo grupo terrorista Hamas, apresentam quadro de desnutrição severa após 491 dias em cativeiro, segundo médicos dos hospitais onde foram internados.

Sharabi e Levy foram levados ao hospital Sheba, em Ramat Gan, enquanto Ben Ami foi encaminhado ao hospital Ichilov, em Tel Aviv. 

“As consequências de 491 dias de cativeiro são evidentes. Esta é a quarta vez que recebemos reféns libertados de Gaza, mas desta vez a situação é mais grave”, afirmou Yaël Frenkel Nir, diretora do Sheba.

No Ichilov, o médico Gil Fire descreveu que Ben Ami perdeu muita massa corporal, mas demonstrou resistência. “Seu espírito é forte e uma fonte de inspiração”, afirmou.

Imagens dos três reféns sendo entregues à Cruz Vermelha antes de sua transferência para Israel mostram os homens extremamente magros e instáveis ao caminhar. 

O presidente israelense Isaac Herzog classificou o estado deles como “a imagem de um crime contra a humanidade” e disse que o mundo deveria olhar para sua condição como um alerta.

A libertação dos reféns ocorreu como parte de um acordo que permitiu a soltura de 16 israelenses e cinco tailandeses desde o início do cessar-fogo, em 19 de janeiro. 

Comparação com o Holocausto

Familiares dos reféns compararam a condição física dos homens às imagens de sobreviventes do Holocausto. 

“Ele parece ter saído de um campo de concentração”, disse Michal Cohen, mãe de Ben Ami. 

A declaração foi repetida por Einav Zangauker, cujo filho Matan continua refém em Gaza. 

“Os sobreviventes de hoje parecem saídos dos campos de concentração. O primeiro-ministro precisa encerrar essa guerra e trazer todos de volta agora”, afirmou.

O embaixador da Alemanha em Israel, Steffen Seibert, condenou a exposição dos reféns por membros do Hamas antes da entrega. 

“Forçá-los a dar entrevistas e desfilá-los assim é mais um crime terrível dos terroristas”, disse.

Tragédia familiar

Os reféns libertados retornam para famílias destruídas pelo ataque de 7 de outubro. Eli Sharabi perdeu a esposa, Lianne, e as filhas, Noiya, de 16 anos, e Yahel, de 13. Durante o ataque ao Kibutz Be’eri, terroristas mataram a família, incendiaram a casa e sequestraram Eli. O irmão dele, Yossi, também foi capturado e morto.

Or Levy foi sequestrado após participar do festival de música Nova. Sua esposa, Eynav, foi assassinada. O filho do casal, Almog, de 3 anos, está sob os cuidados de parentes. Não se sabe se Levy teve acesso a essa informação no cativeiro.

Ben Ami foi sequestrado no Kibutz Be’eri junto com sua esposa, Raz, que foi libertada em um acordo anterior, em novembro de 2023.

Pressão por novo acordo

A libertação deste sábado ocorreu em meio ao temor de que o acordo em curso entre Israel e Hamas possa desmoronar antes de uma nova fase. 

O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas exigiu a liberação imediata dos israelenses que ainda permanecem em Gaza. 

“As imagens de Ohad, Eli e Or revelam a devastação de 491 dias no cativeiro. Eles passaram pelo inferno. Isso é um crime contra a humanidade”, afirmou a entidade.

O Conselho de Outubro, grupo que representa famílias afetadas pelos ataques do Hamas, reforçou o apelo por uma investigação sobre as falhas do governo e das forças de segurança israelenses em 7 de outubro. 

“Como cidadãos foram sequestrados para Gaza? Por que levou quase 500 dias para trazê-los de volta? E como ainda há reféns mantidos em condições desumanas nos túneis do Hamas?”, questionou o grupo.