Hanson: “Nunca vimos nada parecido na história militar”

13.07.2025

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Hanson: “Nunca vimos nada parecido na história militar”

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Alexandre Borges
4 minutos de leitura 12.06.2025 06:28 comentários
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Hanson: “Nunca vimos nada parecido na história militar”

O historiador militar americano Victor Davis Hanson alerta que o ataque ucraniano contra o território russo rompe paradigmas e promete uma retaliação inédita

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Alexandre Borges
4 minutos de leitura 12.06.2025 06:28 comentários 4
Hanson: “Nunca vimos nada parecido na história militar”
Bombardeiro destruído por drone ucraniano. Reprodução/redes sociais

O historiador militar americano Victor Davis Hanson publicou vídeo com o título “A ofensiva relâmpago da Ucrânia leva a guerra para uma nova e perigosa direção” (abaixo, em inglês), em que analisa as consequências estratégicas do recente ataque ucraniano com drones contra alvos dentro da Rússia.

Segundo ele, o impacto no futuro do conflito é muito grave: o ataque rompeu regras tácitas entre potências nucleares e pode gerar uma retaliação sem precedentes.

“Só quando pensávamos em trégua, a Ucrânia atacou como nunca antes. E foi muito eficaz.” Hanson descreve o episódio como um divisor de águas no conflito que já se arrasta há mais de três anos.

As forças ucranianas conseguiram, por meio de caminhões, lançar drones contra alvos estratégicos a até 2.500 km de distância da fronteira, incluindo bases árticas russas de onde partem mísseis e bombardeiros nucleares.

O impacto da ação foi direto: “Destruiu 30% a 35% da frota de bombardeiros estratégicos da Rússia — US$ 7 bilhões, 41 dessas enormes aeronaves.”

Algumas das aeronaves atingidas tinham funções de inteligência e vigilância. O ataque foi seguido por uma ofensiva semelhante contra a ponte de Kerch, principal ligação terrestre entre a Crimeia e a Rússia continental.

O analista aponta que a Ucrânia teria abandonado a expectativa de vencer uma guerra convencional: “Não vai desperdiçar sua mão de obra limitada em confrontos diretos. Vai usar drones e vai fabricar mais de um milhão deles.”

Hanson destaca que, embora os ucranianos tenham perdido terreno e milhões de civis tenham deixado o país, “o problema da Ucrânia hoje não é tecnologia, nem dinheiro, nem armamento — é gente.”

O exército está envelhecido, a média de idade dos recrutas passou dos 30 anos e a linha de frente praticamente estagnou.

A possibilidade de paz, segundo ele, chegou a ser considerada em moldes semelhantes ao acordo feito pela Finlândia com Stalin em 1940: “Zelensky poderia ceder o Donbas e a Crimeia, não entrar na Otan e garantir a sobrevivência do país.”

Hanson afirma que o entrave agora vem do lado russo. “Trump percebeu que o problema não era mais Zelensky, mas Putin. Ele não pode voltar aos oligarcas e dizer: perdemos um milhão de soldados por isso.”

Com a nova ofensiva ucraniana, surge uma preocupação grave: “Nunca vimos nada parecido na história militar.”

Hanson afirma que não há mais garantias de contenção. “Se destruíram um terço da frota, o que impede de destruírem tudo? Como chegaram tão perto? Temos inimigos dentro do nosso próprio exército?” – seriam, segundo ele, as perguntas que circulam agora no alto comando russo.

“Vai haver retaliação”

Hanson lembra que, durante a Guerra Fria, havia uma regra clara: potências nucleares não usavam aliados para atacar diretamente o território uma da outra. E alerta: “Se Fidel Castro tivesse destruído um terço da nossa frota de B-52 em 1962, não miraríamos só em Cuba. Diríamos à União Soviética: vocês quebraram as regras.”

Ele reconhece a eficácia militar do ataque, mas deixa um aviso: “Isso vai provocar uma resposta. E é do tipo que nunca vimos antes.”

Para Hanson, o gesto ucraniano inaugura “uma fase perigosa da guerra, não apenas para a Ucrânia, mas também para a Otan e os Estados Unidos.”

Quem é Victor Davis Hanson

Victor Davis Hanson é historiador americano, especializado em história militar e cultura clássica.

Professor e pesquisador do Hoover Institution, é autor de livros como Carnage and Culture e The Second World Wars. Recebeu a Medalha Nacional de Humanidades nos Estados Unidos e é um dos principais comentaristas americanos sobre política externa e defesa.

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Alexandre Borges

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Comentários (4)

Luís Silviano Marka

12.06.2025 10:08

A Ucrânia, usando meia dúzia de containers e em uma única tarde, fez mais pela paz mundial do que todo o Ocidente em toda a Guerra Fria. Que terminem o serviço e varram esses bombardeiros, e muito mais, da face da Terra. Slava Ukraiini!


Ernesto Herbert Levy

12.06.2025 09:42

Segundo o historiador Trumpista a Ucrânia teria que sofrer calada. Faz sentido. Os Trumpistas não se conformam que Trump tenha sido tapeado por Putin. Claro que a Ucrânia pode sofrer consequências. Mas o que querem? A volta da União Soviética para barrar a China? Olhando de longe, parece que sim! Cuidado com que desejas porque um dia podes conseguir.


Alexandre Ataliba Do Couto Resende

12.06.2025 08:11

Alguns pontos que revelam um viés bem Russete nessa análise. Foi a Rússia quem atacou, a Rússia tem os maiores e melhores recursos, a Rússia que nunca se importou em atacar alvos civis. A Ucrânia desde o início tem uma postura defensiva e essa postura que estagnou a linha de frente. É meia verdade a questão da falta de tropas da Ucrânia. A comparação com Cuba é totalmente descabida, nunca houve uma guerra direta entre Cuba e Estados Unidos. Utiliza da estratégia "linhas vermelhas" do Putin de fazer ameaças leves para tentar causar medo na Otan, mas não analisa a questão econômica e imensas perdas Russas a ponto de no início da guerra a vantagem que era de 10:1 hoje está em menos de 2:1. O fato é de que desde o 4o. dia de guerra quando a Rússia não conseguiu consolidar sua cabeça de ponte no aeroporto perto de Kiev que a Rússia está perdendo essa guerra, o resto é narrativa, maioria delas financiada por Putin, como essa provavelmente.


Gilberto

12.06.2025 07:56

Pelo jeito, esse cara quer mesmo é que a Ucrânia continue a receber ataques covardes contra civis e não faça nada.


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