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Em carta, acadêmicos validam números da oposição na Venezuela

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Redação O Antagonista
6 minutos de leitura 07.08.2024 10:30 comentários
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Em carta, acadêmicos validam números da oposição na Venezuela

O levantamento da AltaVista desmente o resultado apresentado pelo Conselho Nacional Eleitoral, que declarou a "vitória" do ditador Nicolás Maduro com 52% dos votos, sem apresentar as atas

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Em carta, acadêmicos validam números da oposição na Venezuela
Foto: Reprodução

Dezenove acadêmicos e pesquisadores dedicados ao estudo da democracia e da integridade eleitoral assinaram uma carta aberta validando os números do sistema de apuração paralela AltaVista, que apontou a vitória do candidato de oposição Edmundo González na votação realizada em 28 de julho.

O levantamento desmente o resultado apresentado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que declarou a “vitória” do ditador Nicolás Maduro com 52% dos votos, ante 43% de González, sem apresentar as atas.

Segundo o sistema AltaVista, no entanto, o candidato da oposição obteve mais de 66% dos votos, e Maduro, 31%.

Pesquisadores cobram “total transparência e responsabilidade na contagem dos votos”

Assinada por nomes como Francis Fukuyama, diretor do programa de mestrado em relações internacionais da Universidade de Stanford (EUA), e Steven Levitsky, diretor do Centro David Rockefeller para Estudos Latino-Americanos de Harvard (EUA), a carta exigiu “total transparência e responsabilidade na contagem dos votos”, afirmando que a comunidade internacional deve “apoiar o povo da Venezuela, reconhecer a vitória de González como um reflexo de sua verdadeira vontade, e fazer o máximo para promover uma transição pacífica e democrática”.

Os resultados da AltaVista estão “alinhados com registros de urnas eleitorais analisados pela The Associated Press e pelo The Washington Post, bem como com os dados da pesquisa de boca de urna da Edison Research”, acrescentaram os pesquisadores.

Eles ainda condenaram a “resposta brutal das forças de segurança” de Nicolás Maduro, que resultaram em pelo menos 24 mortes e mais de 2 mil prisões.

A carta

Leia abaixo a íntegra da carta aberta assinada pelos acadêmicos dedicados ao estudo da democracia.

“A eleição presidencial na Venezuela em 28 de julho aumentou as preocupações existentes sobre a integridade dos processos democráticos do país, há muito tempo ameaçados. Os resultados oficiais declararam Nicolás Maduro como vencedor, mas as autoridades eleitorais não divulgaram dados detalhados de votação, enquanto observadores independentes e projeções independentes confiáveis contam uma história muito diferente, indicando uma fraude massiva.

Como acadêmicos e pesquisadores dedicados ao estudo da democracia e da integridade eleitoral, estamos profundamente preocupados com as implicações para o futuro da Venezuela, e com a repressão e violência generalizadas após a eleição. Condenamos a resposta brutal das forças de segurança, resultando em muitas mortes e centenas de prisões. Exigimos total transparência e responsabilidade na contagem dos votos.

De acordo com a Tabulação Paralela de Votos AltaVista, uma iniciativa independente da sociedade civil para estimar de forma verificável e cientificamente precisa a contagem nacional de votos, o candidato da oposição Edmundo González recebeu pouco mais de 66% dos votos, enquanto Maduro recebeu apenas 31%. A iniciativa foi validada por acadêmicos internacionalmente renomados e amplamente noticiada na mídia.

Os resultados da AltaVista estão alinhados com registros de urnas eleitorais analisados pela The Associated Press e pelo The Washington Post, bem como com os dados da pesquisa de boca de urna da Edison Research, e contrastam fortemente com o anúncio oficial do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, que afirma que Maduro venceu com 51% contra 44% de González. Isso traz questões fundamentais sobre a integridade do processo eleitoral e a legitimidade dos resultados.

As reações de organizações internacionais com vasta experiência em observação eleitoral foram inequívocas. Tanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) quanto o Carter Center afirmaram que a eleição foi fraudulenta e não atendeu aos padrões internacionais de integridade eleitoral. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, pediu total transparência em relação ao resultado da eleição e demandou que o regime de Maduro publique os dados detalhados por seções eleitorais, um apelo compartilhado por muitos outros líderes mundiais.

A maioria dos países da região também condenou a falta de transparência, incluindo Chile, Guatemala, Costa Rica, Argentina, Uruguai e Peru, enquanto México, Brasil e Colômbia divulgaram uma declaração oficial pedindo às autoridades venezuelanas que tornem públicos os dados desagregados por mesa de votação.

A democracia na Venezuela está sob cerco há tempo demais, e a recente eleição levou a crise a um ponto crítico. A comunidade internacional deve apoiar o povo da Venezuela, reconhecer a vitória de González como um reflexo de sua verdadeira vontade, e fazer o máximo para promover uma transição pacífica e democrática.”

Quem assina o documento

  1. Alberto Diaz-Cayeros, pesquisador sênior do Centro para a Democracia, o Desenvolvimento e o Estado de Direito, da Universidade Stanford (EUA)
  2. Beatriz Magaloni, professora de ciência política da Universidade Stanford (EUA)
  3. Cristóbal Rovira Kaltwasser, professor da Pontifícia Universidade Católica do Chile
  4. Francis Fukuyama, diretor do programa de mestrado em relações internacionais da Universidade Stanford (EUA)
  5. Jennifer Cyr, professora e diretora da pós-graduação em ciência política da Universidad Torcuato Di Tella (Argentina)
  6. Julieta Suarez-Cao, professora de política da Pontifícia Universidade Católica do Chile
  7. Kati Martonex-diretora e atual integrante do conselho do Comitê de Proteção a Jornalistas
  8. Kenneth Roberts, professor de sistemas de governo na Universidade Cornell (EUA)
  9. Larry Diamond, pesquisador sênior da Instituição Hoover, think tank ligado à Universidade Stanford (EUA)
  10. Laura Gamboa, professora da Universidade Notre Dame (EUA)
  11. Maria Hermínia Tavares, professora emérita de ciência política da USP, a Universidade de São Paulo (Brasil)
  12. Maria Victoria Murillo, diretora do Instituto para Estudos Latino-Americanos e professora de ciência política e relações internacionais na Universidade Columbia (EUA)
  13. Matias Spektor, professor de política e de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas (Brasil)
  14. Michael Albertus, professor da Universidade de Chicago (EUA)
  15. Pedro Telles, professor-adjunto da Fundação Getulio Vargas (Brasil) e pesquisador sênior na London School of Economics (Reino Unido)
  16. Simon Cheng Man-kit, ativista honconguês e ex-analista de comércio e investimento do Consulado-Geral do Reino Unido em Hong Kong
  17. Steven Levitsky, professor de sistemas de governo e diretor do Centro David Rockefeller para Estudos Latino-Americanos da Universidade Harvard (EUA)
  18. Susan Stokes, professora de ciência política da Universidade de Chicago (EUA)
  19. Tulia Falleti, professora de ciência política da Universidade da Pensilvânia (EUA)
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