Efeito de ômega-3 na saúde foi superestimado, revela pesquisador suíço
Há mais de 30 anos, o médico de Zurique Gregor Berger investiga as possibilidades terapêuticas do aclamado óleo de peixe ou de algas. Agora descobriu-se que seu efeito é superestimado

Após mais de três décadas de pesquisa, o médico suíço Gregor Berger, atualmente diretor do Centro de Emergência da Clínica Universitária de Psiquiatria de Zurique, revela que a eficácia do óleo de peixe e dos óleos de algas no tratamento de condições como depressão e psicose é superestimada.
O especialista, que iniciou sua jornada na medicina no final da década de 1990, ficou inicialmente fascinado pelas promessas dos ácidos graxos ômega-3, mas a realidade revelou-se frustrante.
Os ácidos graxos EPA (ácido eicosapentaenoico) e DHA (ácido docosahexaenoico) são essenciais para a formação das membranas celulares.
Embora possam ser encontrados em peixes como salmão e cavala, também há precursores em óleos vegetais como o de linhaça e cânhamo. A crença era que esses compostos poderiam abrir novas possibilidades terapêuticas, resultando em milhões de dólares investidos em pesquisas ao redor do mundo.
Resultados decepcionantes
Contudo, à medida que as investigações avançaram, os resultados começaram a apresentar uma imagem menos promissora.
As esperanças despertadas por pequenos estudos iniciais não se concretizaram em ensaios clínicos mais amplos.
Por exemplo, na Austrália, onde Berger conduziu um estudo envolvendo mais de duzentos pacientes com risco inicial de psicose, os resultados mostraram que não houve melhorias significativas após o uso prolongado de cápsulas de óleo de peixe.
A continuidade das pesquisas também se mostrou decepcionante. Estudos subsequentes sobre o uso do ômega-3 em crianças e adolescentes com depressão não indicaram resultados positivos substanciais quando comparados ao grupo placebo.
Em um cenário mais amplo, as investigações sobre o impacto dos suplementos na saúde cardiovascular e outras condições médicas frequentemente revelaram efeitos limitados ou nulos.
Recentemente, especialistas têm apontado que algumas evidências sugerem que a ingestão regular de ômega-3 pode reduzir certos níveis lipídicos no sangue. Contudo, isso não é suficiente para validar seu uso generalizado como uma solução terapêutica eficaz.
Berger observa que as diferenças entre alimentos integrais e suplementos são fundamentais; enquanto peixes frescos oferecem um espectro completo de nutrientes benéficos, os suplementos muitas vezes carecem dessa complexidade.
Além disso, novos estudos indicam que produtos à base de ômega-3 podem aumentar o risco de arritmias em pacientes com doenças cardiovasculares já existentes, levantando preocupações sobre sua segurança para esses grupos.
Esperança no potencial dos ômega-3
Ainda assim, Berger mantém uma chama de esperança quanto ao potencial dos ômega-3. Ele especula que determinadas subpopulações – aquelas com deficiências severas desses ácidos graxos ou com inflamações crônicas – possam ainda se beneficiar do uso controlado desses suplementos.
Essa linha de pesquisa poderia abrir novas possibilidades para entender melhor como essas moléculas interagem com a saúde mental e física.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)