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“Democratas devem encarar uma pergunta dolorosa: Trump estava certo?”

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Alexandre Borges
4 minutos de leitura 11.11.2024 08:21 comentários
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“Democratas devem encarar uma pergunta dolorosa: Trump estava certo?”

“Em algum momento, o Partido Democrata se tornou o partido dos elitistas, desconectado das realidades das pessoas que alega representar", diz Melissa DeRosa, estrategista do partido democrata

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Alexandre Borges
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“Democratas devem encarar uma pergunta dolorosa: Trump estava certo?”
Foto: Reprodução

Melissa DeRosa, estrategista do partido democrata e ex-assessora do governador Andrew Cuomo, examinou as causas da derrota democrata e sugeriu que os líderes da esquerda americana estão cada vez mais desconectados dos eleitores comuns.

“A pergunta que os democratas devem agora enfrentar honestamente é: Trump estava certo?”, questiona DeRosa. Segundo ela, a vitória de Trump foi mais do que um voto contrário ao governo; refletiu a insatisfação generalizada com a maneira como o partido no poder trata temas como a economia e segurança.

Ao longo da campanha, Trump caracterizou o Partido Democrata como “fracassado, fraco e perigosamente esquerdista”, o que, para DeRosa, tocou em pontos reais de uma “bolha dominada por elitistas” que, ao perder apoio entre latinos, jovens e sindicatos, “é o próprio problema”.

DeRosa destaca que os democratas têm perdido conexão com suas bases tradicionais, gastando “tanto tempo conversando entre si na MSNBC e no The New York Times” que perderam contato com suas próprias raízes.

Ela enfatiza: “Em algum momento, o Partido Democrata se tornou o partido dos elitistas, desconectado das realidades das pessoas que alega representar”. Para ela, isso abriu espaço para que Trump “cooptasse nossa coalizão”.

Segundo DeRosa, “como quase sempre, a questão número um foi a economia”. No entanto, em vez de focar nas dificuldades econômicas, a vice-presidente Kamala Harris concentrou sua campanha em direitos reprodutivos.

Elogios ao American Rescue Plan não puderam esconder os altos preços do combustível e dos imóveis, o que impediu muitos americanos de comprarem suas casas, enquanto “salários reais estagnaram” e o entusiasmo com Wall Street não se traduzia em bem-estar cotidiano.

Sobre a questão migratória, DeRosa argumenta que a revogação da política “Permanecer no México” foi um desastre previsível. Sem uma transição eficaz, estados da fronteira enfrentaram uma “enxurrada de solicitantes de asilo”.

O fluxo de migrantes enviados a “cidades-santuário” gerou uma sobrecarga financeira, que desiludiu eleitores ao verem “seus suados impostos sendo usados para hotéis e cartões de débito” fornecidos a imigrantes.

Em relação a Israel, o governo Biden-Harris também falhou em resposta ao ataque terrorista de 7 de outubro de 2023. Quando o governo escolheu o governador Tim Waltz em vez do governador Josh Shapiro, de origem judaica, como seu candidato, “críticos usaram a decisão para alegar que os democratas cederam aos antissemitas e extremistas”.

DeRosa critica ainda a atuação da esquerda na chamada “guerra cultural” e a abordagem de temas sociais. “Americanos comuns estão exaustos com a aparentemente interminável lista de guerras culturais”, escreve. Ela argumenta que o foco progressista em questões identitárias e o apoio a políticas impopulares desgastaram a confiança de eleitores moderados e independentes.

Ela também ressalta os danos causados pelas ações de Letitia James e Alvin Bragg em Nova York, onde “um sistema de justiça sem influências políticas é necessário para que a democracia funcione”. A perseguição judicial a Trump, segundo DeRosa, o transformou em “mártir” aos olhos de muitos, minando a credibilidade das acusações.

Outro ponto que destaca é a mídia tradicional, que, segundo ela, ignorou questões relevantes como o caso do laptop de Hunter Biden. Esse descaso, diz DeRosa, levou os americanos a buscarem redes sociais para informações que acreditam ser mais imparciais, “dando origem a uma nova realidade onde uma postagem em rede social tem tanta credibilidade quanto uma reportagem no The New York Times”.

DeRosa considera que o resultado das eleições de 2024 foi uma rejeição ao Partido Democrata, que parece “perigosa e desconectada”, sem saber o que representa ou o que realmente quer para os seus eleitores.

Quem é Melissa DeRosa

Melissa DeRosa é estrategista política americana, autora e ex-assessora do governador de Nova York, Andrew Cuomo. Com um histórico de trabalho em temas complexos como política de saúde pública e questões sociais, DeRosa é conhecida por sua visão crítica sobre as estratégias eleitorais democratas. Recentemente, publicou o livro What’s Left Unsaid, onde aprofunda suas análises sobre os desafios enfrentados pela esquerda americana.

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