Crusoé: O horror do regime de Bashar Assad
As condições encontradas nas prisões revelaram uma estrutura mais parecida com campos de concentração do que prisões comuns
A estrutura do regime sírio, marcada por medo, repressão e tortura, foi um elemento central para manter a população sob controle. Em uma entrevista para o jornal suíço Neue Zürcher Zeitung (NZZ), Noura Chalati, especialista em questões sírias, discorreu sobre o funcionamento desse sistema opressivo e suas conexões com práticas históricas de regimes totalitários.
As condições encontradas nas prisões que foram abertas após a queda do regime de Bashar Assad, revelaram uma estrutura mais parecida com campos de concentração do que prisões comuns.
“Embora os horrores já fossem conhecidos, faltavam imagens que comprovassem as atrocidades. Agora, com a divulgação de vídeos e relatos de sobreviventes, o mundo começa a entender a extensão desse sistema”, afirma Chalati.
A especialista em questões sírias destaca ainda que existem cerca de 200 mil desaparecidos e expressa sua preocupação com o sofrimento contínuo das famílias que esperam por notícias de seus entes queridos.
Arbitrariedade como norma
Questionada sobre quem eram as vítimas da repressão, Chalati explica que uma variedade de cidadãos foi alvo do regime: “Alguns eram críticos abertos do governo, mas isso era raro, pois as pessoas sabiam que poderiam ser presas por isso.
Muitos foram detidos por motivos religiosos ou políticos, mas até cidadãos comuns que postaram algo considerado inadequado nas redes sociais ou que não agradaram um agente secreto foram encarcerados. A arbitrariedade era a norma”.
A especialista detalha que o sistema de segurança era mantido por quatro principais agências de inteligência, duas militares e duas civis. No entanto, essa divisão é considerada artificial, já que todas tinham como alvo a população civil: “A estrutura era propositalmente complexa e opaca, com várias subdivisões competindo entre si por poder”, afirma Chalati.
O chamado serviço de inteligência da Força Aérea era especialmente poderoso devido à proximidade com a família Assad. Hafez Assad, pai de Bashar, era piloto e posicionou seus aliados nas principais funções deste serviço.
Este órgão estava encarregado das operações sensíveis do Estado e das atividades no exterior…
Siga a leitura em Crusoé. Assine e apoie o jornalismo independente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)