Brasil fora da lista do evento de 80 anos da libertação de Auschwitz
Ausência de anúncio oficial sobre delegação brasileira gera dúvidas sobre compromisso histórico e diplomático

O mundo celebra os 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz, o maior centro de extermínio nazista, nesta segunda, 27. O evento é realizado na Polônia, com líderes de mais de 50 países presentes, enquanto o Brasil permanece fora da lista de participantes.
Em 1º de novembro de 2005, a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) declarou 27 de janeiro o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
A Resolução 60/7 diz que o extermínio de “um terço do povo judeu, assim como de incontáveis membros de outras minorias, servirá, por todos os tempos, a todos os seres humanos, como advertência para os perigos do ódio, da intolerância, do racismo e do preconceito”.
A data relembra a libertação do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, em 1945, e tem o propósito de educar as novas gerações sobre os horrores do genocídio, rejeitar o negacionismo e condenar qualquer manifestação de intolerância ou violência motivada por origem étnica ou crença.
No domingo, 26 de janeiro, um ato solene em memória das vítimas do Holocausto e em referência aos 80 anos da libertação de Auschwitz foi realizado na Sinagoga Etz Chaim, da Congregação Israelita Paulista (CIP), em conjunto com a Confederação Israelita do Brasil (Conib), a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), e a StandWithUs Brasil.
O ato contou com o apoio do Consulado Geral de Israel em SP, além de Unibes, Pit Cult, Agência Judaica para Israel, Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein, Arqshoah, B’nai B’rith Brasil, Fundo Comunitário, A Hebraica, KKLBrasil, Vozes do Holocausto e Sherit Hapleitá.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) compareceram ao evento na capital paulista, enquanto o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o chanceler Mauro Vieira, ausentes, enviaram mensagens em homenagem às vítimas. Vieira foi representando pelo embaixador Alfredo Camargo.
A cerimônia prestou tributo aos seis milhões de judeus vítimas do Holocausto, bem como a todas as vítimas do regime nazista. Durante o evento, seis velas foram acesas por sobreviventes, autoridades, líderes religiosos, institucionais e jovens. Uma sétima vela foi acesa, em memória às vítimas de 7 de outubro de 2023, pelo jovem Rafael Zimerman, brasileiro que sobreviveu ao ataque terrorista do Hamas em território israelense.
A crescente onda de antissemitismo observada após o ataque confirma a urgência de combater o preconceito e promover o respeito mútuo na nossa sociedade, segundo os realizadores.
No Brasil, reforçam eles, as denúncias de antissemitismo cresceram 500% após um ano do início do conflito entre Israel e o Hamas, reforçando a necessidade latente de lembrar continuamente as lições do Holocausto. A memória ativa das vítimas e a educação sobre os perigos do ódio e da intolerância são essenciais para impedir que tragédias semelhantes se repitam.
Para André Lajst, presidente da StandWithUs Brasil, organização educacional dedicada ao ensino sobre Israel e ao combate do extremismo e antissemitismo, “educar sobre Israel também é educar sobre o Holocausto. Só assim a mensagem ‘nunca mais’ pode ser compreendida. É nossa missão e nosso dever proteger e fortalecer a existência de Israel, a única garantia de que o povo judeu terá sempre um lar nacional e um porto seguro”.
“O genocídio de 6 milhões de judeus deveria ter ensinado à Europa a vergonha eterna do antissemitismo. No entanto, o que vemos são manifestações violentas anti-Israel que revelam seu caráter intrinsecamente antissemita. A memória do Holocausto exige mais do que discursos; exige ação firme contra o ódio e a intolerância”, afirmou a presidente da CIP, Laura Feldman.
A Libertação e o Horror
No dia 27 de janeiro de 1945, o Exército Vermelho da União Soviética libertou o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, onde cerca de sete mil prisioneiros debilitados foram encontrados. Auschwitz foi o maior campo de extermínio nazista, onde mais de um milhão de judeus foram mortos entre 1940 e 1945, representando o ápice do Holocausto.
A libertação ocorreu como parte do avanço soviético contra a Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial, iniciado com a Operação Bagration em 1944. Antes da chegada dos soviéticos, os nazistas deportaram cerca de 60 mil prisioneiros em marchas da morte para outros campos na Alemanha e Polônia. Muitos prisioneiros morreram de exaustão, frio ou foram executados pelos nazistas.
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Comentários (1)
Mauro Seraphim
27.01.2025 14:35É inaceitável que o presidente, vice ou chanceler não estejam presentes neste evento.