Alemanha prestes a legitimar o Talibã em troca de deportações de migrantes
"Em breve, teremos um acordo que nos permitirá repatriar pessoas regularmente para o Afeganistão em voos regulares", disse o Ministro do Interior alemão, Alexander Dobrindt
À medida que a Alemanha e outros Estados da UE intensificam a repressão à imigração, os líderes europeus estudam maneiras de deportar migrantes afegãos para o Afeganistão em grande número.
Em troca da cooperação do Talibã, a Alemanha, em particular, está fornecendo ao regime — formalmente reconhecido apenas por Moscou — algo que ele mais almeja internacionalmente: legitimidade.
A Alemanha lidera o movimento dentro da UE para estabelecer laços com o governo Talibã — e seus líderes acreditam que outras nações europeias provavelmente seguirão o exemplo.
A iniciativa ocorre em um momento em que os conservadores do chanceler alemão, Friedrich Merz, sob pressão política do partido de direita anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), prometeram deportar mais migrantes, incluindo afegãos, que formam o segundo maior grupo de requerentes de asilo na Alemanha, depois dos sírios.
A falta de relações diplomáticas com o Talibã, no entanto, tem sido até agora um impedimento aos planos de Merz, forçando seu governo a tomar uma medida sem precedentes.
“Em breve, teremos um acordo que nos permitirá repatriar pessoas regularmente para o Afeganistão em voos regulares”, disse o Ministro do Interior alemão, Alexander Dobrindt, no início deste mês.
Autoridades de seu ministério mantiveram “conversas técnicas com as autoridades em Cabul” para alcançar esse objetivo, acrescentou.
A princípio, a Alemanha pretende deportar afegãos que cometeram crimes, segundo Dobrindt. Além disso, no entanto, o governo deixou em aberto a possibilidade de deportar afegãos na Alemanha sem status de proteção.
O governo de Merz já organizou um voo de deportação para o Afeganistão, enviando 81 afegãos condenados por crimes para o país neste verão.
O governo de seu antecessor, o ex-chanceler Olaf Scholz, também realizou um voo desse tipo no ano passado, tornando a Alemanha o primeiro país europeu a deportar um grande grupo de afegãos para o Afeganistão controlado pelo Talibã.
Ambos os voos foram organizados com autoridades do Catar atuando como intermediárias. Agora, o governo de Merz está se mobilizando para negociar diretamente com o Talibã para aumentar o número de voos.
Como parte dessas negociações — e para coordenar futuras deportações — as autoridades alemãs permitiram que representantes do Talibã servissem em consulados afegãos no país, tornando a Alemanha o primeiro país da UE a fazê-lo.
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