Parte da população síria invadiu os palácios presidenciais em Damasco neste domingo, 8, após a fuga do ditador Bashar al-Assad para Moscou. 

Assad, que governava o país há 24 anos, renunciou ao cargo após rebeldes tomarem a capital em uma ofensiva relâmpago. A Rússia, principal aliada do regime, confirmou a saída do líder.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram famílias explorando os cômodos luxuosos do palácio presidencial do ditador, posando para selfies e saqueando móveis e ornamentos. 

Em um dos registros, crianças correm por corredores enquanto adultos retiram cadeiras e vasos. Já em outro palácio, o Muhajreen, objetos foram espalhados e armários esvaziados.

Entre os bens encontrados pelos sírios nos arredores dos palácios presidenciais em Damasco estavam dezenas de carros de luxo. Vídeos compartilhados nas redes mostram moradores circulando por uma garagem repleta de veículos esportivos. A coleção inclui veículos de luxo de marcas como Ferrari, Aston Martin, Rolls-Royce e BMW.

Além dos saques, uma sala de recepção do Palácio Tishrin foi incendiada, assim como prédios de órgãos de segurança, segundo a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos e jornalistas da AFP.

A queda de Assad marca o fim de uma dinastia autoritária que controlou a Síria por mais de 50 anos, iniciada com o governo de Hafez al-Assad, pai do ditador. As cenas de desordem e luxo exposto relembram a queda do regime de Saddam Hussein no Iraque em 2003.

Rebeldes celebraram a conquista dos palácios com tiros e gritos de vitória, destacando o momento como um marco no Oriente Médio. 

“Até que enfim”

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, classificou como um “momento histórico” a queda do regime de Bashar al-Assad. 

Durante discurso neste domingo, 8 de dezembro, Biden afirmou que o fim do regime é uma oportunidade para o povo sírio reconstruir o país, mas alertou para os riscos e incertezas sobre o futuro político da região.

“Até que enfim, o regime de Assad acabou”, afirmou o presidente dos EUA. “Este é um momento de riscos e incertezas. Os EUA trabalharão com parceiros e interessados para ajudá-los a aproveitar esta oportunidade.”

Assad foge para Moscou

Bashar al-Assad, cujo regime enfrentou uma ofensiva de 12 dias liderada pelo grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e facções apoiadas pela Turquia, deixou Damasco, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. A agência estatal russa Tass confirmou que Assad e sua família estão em Moscou, onde receberam asilo.

Enquanto países como França e Estados Unidos celebraram o fim do regime, aliados de Assad, como Rússia, China e Irã, manifestaram preocupação. 

A Rússia assegurou que Assad instruiu uma transição pacífica, enquanto o Irã denunciou a invasão de sua embaixada em Damasco por grupos armados.