Síndico morador ou profissional, quem administra melhor?
Conheça os prós, contras e bastidores que ninguém revela sobre quem manda em um prédio de luxo no Brasil

Em muitos condomínios de alto padrão, o síndico morador ainda é tratado como símbolo de confiança. Afinal, “é um de nós”, conhece a vizinhança e tem acesso direto à realidade do prédio. Mas, quando se trata de gestão técnica, compliance, contratos milionários e obras complexas, será que o cargo não se torna um trono em vez de um posto?
Vantagens
- Custo menor ou simbólico (geralmente isenção da taxa condominial);
- Presença constante no local;
- Conhece os vizinhos e os problemas históricos do condomínio.
Desvantagens
- Falta de preparo técnico e jurídico para lidar com inadimplência, obras ou auditorias;
- Conflito de interesses: eleger amigos, proteger vizinhos problemáticos, evitar cobranças duras;
- Gestão amadora de contratos de manutenção, segurança, tecnologia e terceirização;
- Em muitos casos, o síndico vira refém da popularidade, tomando decisões para agradar, não para gerir.
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O síndico profissional: gestor ou empresário?
Do outro lado, surge a opção do síndico profissional, que transforma a função em negócio, empresa e técnica de gestão. Contratado como prestador de serviço, muitas vezes com formação em administração, engenharia ou direito, ele vem com estrutura, equipe e metas. Mas nem tudo são flores.
Vantagens
- Visão técnica e estratégica sobre contratos, orçamentos, cronogramas de obras e legislação;
- Sem envolvimento emocional com moradores ou disputas internas;
- Normalmente usa ferramentas de gestão, atendimento estruturado e relatórios periódicos;
- Facilita auditorias e segurança jurídica.
Desvantagens
- Custo elevado, especialmente nos bairros de elite (síndicos podem ganhar entre 7 mil reais e 20 mil reais mensais por condomínio);
- Pode haver distanciamento da realidade do dia a dia, principalmente em modelos com múltiplos condomínios sob sua responsabilidade;
- Risco de “gestores estrela” que usam o prédio como vitrine de ego e esquecem da entrega básica.

Os bastidores que ninguém conta
- Muitos síndicos moradores em prédios de luxo se perpetuam no cargo por décadas, usando a função para manter status, controle ou mesmo interferência nos conselhos;
- Há síndicos profissionais que possuem carteiras com mais de 20 prédios – e nem sabem o nome dos porteiros de cada local;
- Administradoras tentam empurrar síndicos de confiança para manter contratos lucrativos;
- Prestadores de serviço preferem síndicos leigos, mais suscetíveis a aceitar orçamentos sem questionamento.
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A decisão: poder ou performance?
Em condomínios de alto padrão, onde circulam cifras milionárias, obras complexas, contratos com empresas robustas e conflitos jurídicos iminentes, a figura do síndico precisa ser mais gestor do que boa praça.
Se o condomínio deseja controle de gastos, clareza em contratos e planejamento estratégico, o síndico profissional ganha por nocaute.
Mas se o prédio busca convivência tranquila, informalidade e economia imediata, o síndico morador ainda pode servir, desde que esteja rodeado por um conselho técnico e atento à terceirização da gestão.
Vaidade x eficiência
Na prática, o que se vê em condomínios de elite é uma disputa entre vaidade e eficiência.
Um condomínio de alto padrão mal gerido por um síndico despreparado pode perder valor de mercado em meses. Já um bem administrado, com relatórios, assembleias organizadas e boa governança, atrai moradores exigentes e investidores.
A escolha entre síndico morador e profissional não deveria ser ideológica, mas estratégica. E como sempre, o que define o sucesso não é o título, mas a competência, a transparência e a coragem de decidir o que é melhor — mesmo que impopular
Por Felipe Faustino – Escritório Faustino & Teles e Sindicolab
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Comentários (1)
Murilo Marques Galvão De Queiroz
11.06.2025 07:59Texto incompleto