Como investir em imóveis e bater a rentabilidade da renda fixa
O jogo da renda imobiliária não morreu. Apenas exige hoje um investidor mais técnico, mais pragmático e menos emocional

Em meio a um cenário econômico de juros elevados e renda variável instável, um segmento discreto do mercado imobiliário paulistano oferece ao investidor retornos que superam boa parte das aplicações tradicionais: os apartamentos de classe B (médio padrão), comprados com foco em locação.
Ao contrário dos imóveis de alto luxo (exposição pura à valorização) ou dos imóveis populares (foco em liquidez acelerada), o médio padrão combina as duas pontas: renda mensal de aluguel com potencial moderado e estável de valorização patrimonial. Mas, para capturar esses 7% a 11% de retorno anual, é preciso agir como os profissionais.
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O que analisar
1. Localização ainda é o ativo mais valioso
O mantra clássico do mercado imobiliário permanece inabalável — mas com filtros atualizados:
- Mobilidade: proximidade de metrô, corredores de ônibus e facilidade para aplicativos de transporte;
- Infraestrutura local: comércio próximo, serviços essenciais, escolas e hospitais;
- Projetos de revitalização urbana: bairros centrais em transformação, novas estações de metrô e polos corporativos surgindo;
- Demanda orgânica de aluguel: o perfil ideal são bairros já consolidados, com público formado por jovens profissionais, famílias compactas e estudantes.
Nota prática: bairros que, há poucos anos, eram desprezados por investidores institucionais hoje despontam como minas de ouro para locação. Pense em trechos da Zona Oeste, alguns setores do Centro e zonas de expansão nas linhas do metrô.
2. O produto certo atrai o inquilino certo
O investidor que compra certo evita grandes reformas, apartamentos ultrapassados e plantas obsoletas. O jogo está na combinação:
- Planta inteligente: 2 dormitórios ainda são o padrão-ouro do aluguel;
- Studios compactos: altíssima demanda em regiões centrais, inclusive para Airbnb;
- Áreas comuns funcionais: coworkings internos, lavanderias coletivas e portaria 24h são diferenciais em São Paulo;
- Sustentabilidade e tecnologia: prédios com painéis solares, medidores individualizados e automação já atraem um perfil premium de inquilino — e com menor inadimplência.
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3. A matemática fria da rentabilidade
Aqui está o que diferencia o amador do investidor:
- Preço de compra bem negociado (incluindo ITBI, cartório e reformas);
- Cap Rate esperado em 2025: 5% a 7,5% nos studios; 4,5% a 5,5% nos dois dormitórios;
- Valorização projetada: 2% a 4% real ao ano;
- ROI final (renda + valorização): alvo de 7% a 11% ao ano antes do IR.
Importante: a conta deve sempre incluir custos de vacância, taxas de administração, seguros, manutenção preventiva e condomínio.
4. As novas tendências de moradia jogam a favor do investidor atento
O comportamento do inquilino mudou, e o investidor esperto aproveita:
- Demanda por home office híbrido: apartamentos com espaço para escritório ou coworkings no prédio;
- Coliving e flex living: studios com áreas compartilhadas crescem entre solteiros e expatriados;
- Aluguel de temporada (Airbnb): imóveis bem localizados oferecem rentabilidade superior, apesar da maior gestão.
5. O momento macroeconômico favorece o comprador estratégico
- Selic com tendência de queda moderada em 2025;
- Inflação controlada mas ainda resiliente;
- Financiamento competitivo volta a atrair compradores para locação.
Em outras palavras: a porta de entrada está aberta, mas não para qualquer um. É o momento do investidor que compra com análise, números, conservadorismo e visão de longo prazo.
O jogo da renda imobiliária não morreu. Apenas exige hoje um investidor mais técnico, mais pragmático e menos emocional. Quem fizer a lição de casa agora pode colher 7% a 11% de retorno real anual — um rendimento consistente e protegido contra boa parte das oscilações macroeconômicas do Brasil.
Por Rafael Bernardes (CEO do Síndicolab) e Felipe Faustino (Faustino & Teles Advogados)
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