A nova Disney no deserto árabe
Imagine o sol ardente do deserto e, no horizonte, um castelo que parece flutuar entre as dunas. Não é miragem de Aladim. É a Disneyland Abu Dhabi

Imagine o sol ardente dos Emirados Árabes, a brisa do Golfo Pérsico e, no horizonte, um castelo que parece flutuar entre as dunas. Não é miragem de Aladim. É a nova Disney Abu Dhabi, o sétimo parque temático do grupo, que promete transformar a Ilha de Yas num portal para a fantasia.
Anunciado há poucos dias, o projeto é uma aposta ousada: unir a essência da Disney à alma futurista e cultural dos Emirados, criando algo que, nas palavras do CEO Bob Iger, será “autenticamente Disney e distintamente dos Emirados”. Mas como será esse novo capítulo da magia?
A Ilha de Yas, a 20 minutos de Abu Dhabi e 50 de Dubai, já é um polo de entretenimento, com Ferrari World, SeaWorld e Warner Bros. World. Agora, a Disney entra na jogada, em parceria com a Miral, empresa local que bancará o projeto enquanto os criativos da Disney cuidam do design.
O parque, previsto para o início da década de 2030, não será apenas mais um complexo temático. Josh D’Amaro, presidente da Disney Experiences, garante que será “o mais avançado e interativo” do portfólio, um híbrido de atrações internas e externas para driblar o calor escaldante do deserto, que pode chegar a 45°C.
O que esperar? Um resort à beira-mar, com hotéis temáticos, restaurantes que misturam sabores árabes com a sofisticação Disney, e lojas que prometem esvaziar carteiras com souvenirs exclusivos.
As atrações, ainda sob sigilo, devem mesclar clássicos como Aladim e O Rei Leão com narrativas locais. Pense em uma montanha-russa inspirada nas aventuras de Simbad, o Marujo, ou um passeio imersivo pelas Mil e Uma Noites, com tecnologia de ponta que faz você sentir o vento das areias mágicas.
A arquitetura promete ser um espetáculo à parte, combinando os arabescos opulentos dos palácios dos emirados com o minimalismo futurista de Abu Dhabi.
A localização é estratégica. Os Emirados são um hub global, a quatro horas de voo de um terço da população mundial, com 120 milhões de passageiros passando por seus aeroportos anualmente.
A Disney quer capturar esse fluxo, atraindo turistas da Europa, África, Índia, Ásia (onde já tem parques na China e Japão) e, claro, do Oriente Médio. A Ilha de Yas, que recebeu 38 milhões de visitantes em 2024, seria o palco perfeito para essa ambição. O parque também reforça a estratégia dos Emirados de diversificar a economia, reduzindo a dependência do petróleo e apostando no turismo.
Mas nem tudo é um conto de fadas. O calor extremo exigirá inovações, como áreas climatizadas e atrações noturnas. Além disso, a Disney terá de navegar pela cultura local, onde leis islâmicas rigorosas moldam o cotidiano.
Como adaptar personagens e histórias a um público diverso sem perder a identidade? E os turistas, sobretudos mulheres, poderão se vestir com liberdade, ou seja, pouca roupa, dentro do caloroso novo parque?
A empresa já enfrentou desafios semelhantes, como a proibição do filme Lightyear nos Emirados por conta de um beijo entre pessoas do mesmo sexo. A resposta, segundo D’Amaro, está em respeitar as leis locais sem abrir mão dos valores Disney, o que não parece muito esclarecedor.
Disneyland Abu Dhabi não é só um parque. É um símbolo de como a magia pode florescer no deserto, unindo tradição e inovação. Mas só em 2030, quando as portas se abrirem, saberemos se a Disney conseguiu, mais uma vez, transformar sonhos em realidade.
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Comentários (1)
Eunice
09.05.2025 10:04Já posso imaginar a Cinderela usando trajes muçulmanos.