Pochmann quer o IBGE só para ele?
Presidente do instituto aciona sindicato que questiona seu comando para retirar a sigla IBGE do próprio nome. "A História não se apaga, não nos intimidaremos", diz ASSIBGE

Em mais um capítulo da crise no IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann (foto) acionou o sindicato dos servidores que questiona seu comando para que eles parem de usar o nome do instituto.
“Tal posicionamento foi expresso em um arremedo de notificação extrajudicial recebida pela ASSIBGE, na qual consta como autor o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, sem porém constar a assinatura do mesmo. O documento contém apenas a assinatura do Procurador-Chefe do IBGE, em uma manifestação anexa”, diz o sindicado em nota publicada em seu site.
Os sindicalistas expõem na íntegra a notificação, datada de 17 de janeiro. No documento, Pochmann alega que usar a sigla IBGE “não condiz com as atividades descritas nos termos do seu estatuto”, em referência ao sindicato, que se chama ASSIBGE desde 1992 — antes disso, era SINPEG.
IBGE+
Os questionamentos dos servidores do IBGE começaram após Pochmann criar uma entidade público-privada chamada IBGE+, que passou a ser conhecida pejorativamente como “IBGE paralelo”, por se apropriar do nome do instituto para alegadamente apoiar suas atividades. Dois diretores se demitiram neste mês nesse contexto.
“A manifestação do procurador reafirma não ver qualquer ilicitude em utilizar a denominação IBGE+ para a nova fundação de direito privado, mas que o mesmo não se daria com a ASSIBGE, que de acordo com o procurador, não poderia englobar tal sigla”, reclamam os servidores na manifestação publicada nesta quinta-feira, 23.
A nota segue: “O sindicato responderá apontando a invalidade da mera minuta de notificação, e caso esta venha de fato a ocorrer, com a assinatura do presidente, Sr. Márcio Pochmann, adotará as medidas legais para defender sua marca registrada na memória de lutas de tantos trabalhadores ao longo de quatro décadas”.
“Medida retaliatória”
“Trata-se de uma nítida medida retaliatória. Nesse sentido, soma-se a outras medidas antissindicais adotadas recentemente pela presidência do IBGE: criminalização de greves, utilização da comunicação institucional para atacar o Sindicato, ameaça de cobrança de aluguéis retroativos por espaços cedidos pelo IBGE ao Sindicato”, segue o texto.
O ASSIBGE argumenta que “a utilização da sigla de órgão público em nomes de sindicatos e associações de servidores no Brasil é uma prática antiga e disseminada”.
“Entre centenas de outros exemplos, podemos citar organizações como a Afipea, Asinep, Asibama, AudTCU, Afinpi, Adufrj. Dessa forma, a tentativa de impedir os servidores de utilizarem o nome de seu próprio órgão não ataca apenas o direito de organização dos IBGEanos, mas sim o conjunto do funcionalismo público, uma vez que pode ser replicado em outros institutos”, reclamam.
“Não nos intimidaremos“
O sindicato finaliza assim a manifestação:
“No caso do IBGE, o uso da sigla em entidades associativas de seus servidores vem desde 1947, com a criação do Clube Dos IBGEanos. A História não se apaga, não nos intimidaremos, tampouco abriremos mão do nosso nome que simboliza anos de luta e conquista para os trabalhadores e trabalhadoras da casa.”
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Comentários (1)
Claudemir Silvestre
23.01.2025 20:34O IBGE até recentemente era um orgão para servir o país e suportar políticas públicas, no governo PT serve apenas aos interesses de LULA !! Isso é inaceitável !!