Em que pé estão Tanure, Emae, Ambipar e Bluebank
Ações da Ambipar despencam e atingem BlueBank. Disputa judicial expõe garantias duvidosas na compra da Emae por Nelson Tanure
O BlueBank, banco criado por Maurício Quadrado, atravessa uma forte turbulência depois do colapso da Ambipar, cujas ações despencaram cerca de 95% em apenas 15 dias diante do pedido de proteção contra credores da empresa de soluções ambientais.
Parte importante do patrimônio do banco está investida em fundos de ações, como Texas I e Arizona, que tinham grande exposição à Ambipar, comprometendo quase todo o valor alocado nessas carteiras.
A repercussão é grande, pois além de perdas financeiras, o BlueBank busca um comprador e, segundo o jornalista Vinicius Pinheiro, do Money Times, já promove demissões, com pelo menos 50 dispensas confirmadas e mais 34 pedidos de desligamento.
Sobre a Emae, a disputa por seu comando se intensifica. A Sabesp concluiu acordo para comprar 70,1% da Emae por cerca de 1,13 bilhão de reais, mas Nelson Tanure, via fundo Phoenix, tenta reverter a operação e impedir que o controle mude de mãos.
Advogados que representam o fundo Macadâmia (XP) e a Vórtx acusam Tanure de usar garantias irregulares, entre elas ações da Ambipar que, segundo a acusação, estavam supervalorizadas.
Também apontam para operações de alto risco, empréstimos suspeitos, investimentos sem contrapartida clara e até esvaziamento de caixa da Emae desde que Phoenix assumiu o controle.
Enquanto Tanure comandou a Emae, a empresa teria comprado, com seu caixa, 150 milhões de reais em CDBs do Bluebank.
O Judiciário rejeitou pedidos de Tanure para reverter a venda. O juiz Adler Nobre, da 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, negou o pleito de mediação com a XP e a tutela cautelar pedida.
O juiz também extinguiu a ação baseada em crédito vencido garantido por ações, por entender que era inadequado usar instrumentos judiciais para postergar uma negociação privada.
Em documentos protocolados, o fundo Macadâmia e a administradora Vórtx sustentam que a enorme queda das ações da Ambipar evidencia que uma das garantias mais importantes da aquisição da Emae era “fajuta”, e que o risco era conhecido e possivelmente induzido por agentes de mercado.
A acusação formaliza suspeitas de conflitos de interesse e uso indevido de recursos da estatal, dentre eles empréstimos para empresas ligadas a Nelson Tanure, operações atípicas e adiantamentos sem contrato claro.
Esses casos são interligados pelo fato dos ativos da Ambipar funcionarem como pivô tanto de colapsos financeiros no setor privado quanto de disputas societárias e judiciais envolvendo estatais.
Comenta-se que o governo de São Paulo, que acompanha a distância a situação, vê com bons olhos a mudança de comando da Emae, pois a haveria uma integração da gestão de água e produção de energia elétrica, dando mais segurança ao abastecimento.
Em períodos de seca, poderia interromper a geração de energia para priorizar as necessidades hídricas da Sabesp, algo visto como menos provável de acontecer sob a gestão anterior, pois seria menos lucrativo.
O BlueBank enviou a seguinte nota a O Antagonista:
“O BlueBank informa que não tem nenhuma exposição na Ambipar. A exposição foi liquidada antes da queda recente das ações da empresa. Portanto, a desvalorização das ações da Ambipar não teve nenhum impacto no banco.“
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