“Ban the Batistas” quer manter JBS fora da bolsa nos EUA
Enquanto o grupo dos Batista renegocia acordos firmados no Brasil, nos Estados Unidos a JBS enfrenta dificuldade para conseguir abrir o capital por casos de corrupção
Enquanto o grupo dos irmãos Wesley e Joesley Batista renegocia acordos de leniência firmados no Brasil, movimentos internacionais, como o “Ban the Batistas”, tentam impedir a JBS de conseguir acesso ao mercado de capitais americano, registrou o Estadão.
Em janeiro de 2024, 12 parlamentares do Reino Unido, onde a JBS atua por meio da marca Pilgrim’s Pride Corporation, enviaram uma carta à comissão de valores mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) pedindo “para que o pedido de IPO da JBS seja rejeitado”, um desejo por uma “mensagem clara de que os EUA permanecem firmes em seu compromisso de combater às mudanças climáticas”.
Para os políticos britânicos, a listagem da JBS na Bolsa de Valores de Nova York poderia ampliar o desmatamento na Amazônia, já que parte da carne comercializada pela empresa provém do gado criado na região.
Segundo levantamento realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgado em 2023, a empresa de carne dos irmãos Batista é a mais exposta a risco de desmatamento na região.
“Além de prejudicar as pessoas que vivem e cuidam das florestas, (a JBS) está contribuindo para um colapso na biodiversidade e causando considerável dano ao planeta que compartilhamos. Seus negócios, portanto, são de interesse de todos, razão pela qual eu e vários parlamentares de diferentes partidos políticos escrevemos uma carta instando a SEC a negar o pedido de IPO da JBS”, afirmou Zac Goldsmith, ex-ministro de Energia, Clima e Meio Ambiente do Reino Unido, ao jornal. Conhecido como Lorde Goldsmith de Richmond Park, ele foi um dos signatários da carta.
Também em janeiro de 2024, senadores americanos enviaram uma carta ao presidente da SEC, Gary Gensler, dizendo que a “aprovação da proposta de listagem da JBS sujeitaria os investidores dos EUA ao risco de uma empresa com um histórico de corrupção flagrante e sistêmica, e ainda consolidaria seu poder de monopólio”.
“Ban the Batistas”
Além dos parlamentares americanos, o movimento “Ban the Batistas” foi lançado em novembro de 2023 para bloquear a listagem da JBS na Bolsa de Valores de Nova York.
“Vimos o coro de grupos independentes de agricultura, meio ambiente e governança, que estavam se manifestando e soando o alarme sobre os riscos de um IPO da JBS, e nos unimos a eles”, afirmou a diretora-executiva do movimento, Kimberly Spell, ao jornal Estadão.
Em janeiro, o “Ban the Batistas” registrou no Congresso dos Estados Unidos o escritório Actum, do qual Spell é vice-presidente, para realizar seu lobby em Washington contra a listagem da empresa dos irmãos Wesley e Joesley Batista.
“A JBS é uma empresa com uma longa história de violações federais, má conduta corporativa e abusos aos direitos humanos. Esse tipo de empresa não deveria ter acesso irrestrito aos mercados de capitais dos EUA”, disse Spell.
Greenwashing
Em fevereiro de 2024, a procuradoria-geral de Nova York entrou com uma ação contra subsidiárias americanas da JBS devido a afirmações enganosas sobre suas metas de emissão de gases de efeito estufa.
No processo, a procuradora Letitia James alegou que a empresa dos irmãos Batista prometeu zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040 sem apresentar um plano viável para cumprir o compromisso.
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