Viralização da carta antissemita de Bin Laden mostra força da propaganda do terror
Um ano após o 11 de setembro de 2001, Osama bin Laden, na época o terrorista mais procurado do mundo e idealizador dos ataques que derrubaram as Torres Gêmeas em NY matando quase 3.000 inocentes, tornou pública uma carta...
Um ano após o 11 de setembro de 2001, Osama bin Laden, na época o terrorista mais procurado do mundo e idealizador dos ataques que derrubaram as Torres Gêmeas em Nova York matando quase 3.000 inocentes, tornou pública uma carta com teorias conspiratórias antissemitas e homofóbicas na tentativa de justificar o monstruoso ato cometido por seus seguidores. Bin Laden foi morto pela Marinha americana em 2011.
A viralização do manifesto com as ideias tortas de um verdadeiro monstro, ocorrida na primeira quinzena deste mês de novembro de 2023, levanta questões sobre as preocupantes consequências sociais do relativismo moral pregado por intelectuais, acadêmicos e pela cultura pop nas últimas décadas. Se não há certo e errado, justo ou injusto, moral ou imoral, se é tudo “ponto de vista”, por que Osama bin Laden não poderia ter seus absurdos retóricos popularizados e seriamente considerados como válidos no debate público?
O tema da decadência moral do Ocidente foi tratado por diversos autores, como o filósofo e cientista político americano Patrick Deneen, que publicou o livro “Por que o liberalismo fracassou?”, lançado em 2020 no Brasil.
Para Deneen, “a política não nos salvará. O que é necessário, antes de tudo, é reconstruir uma cultura em desordem.” Ele acredita ser necessária “a recuperação dos requisitos básicos da civilização virtuosa”, o que inclui “comunidades saudáveis, vida familiar florescente, educação sólida, um reservatório profundo de memória e prática cultural”, além de “fé religiosa”, o que já foi reconhecido até pelo mais célebre dos novos ateus, o biólogo britânico Richard Dawkins. A ideia, reconhece Deneen, não é nova, já que segue conceitos de Platão a Edmund Burke, passando por Alexis de Tocqueville, entre outros.
Osama bin Laden escreveu que “a criação e continuação de Israel é um dos maiores crimes” e que todos que contribuem para este “crime” – eis aí o antissemitismo – devem “pagar um preço”. A carta é uma salada de ideias com teorias falsas e preconceituosas sobre as motivações dos ataques de 11 de setembro: “O povo americano é quem paga os impostos que financiam os aviões que nos bombardeiam no Afeganistão, os tanques que atacam e destroem nossas casas na Palestina, os exércitos que ocupam nossas terras no Golfo Arábico e as frotas que garantem o bloqueio do Iraque”, afirmou o terrorista. Bin Laden acreditava que a AIDS era “uma invenção satânica americana” e pedia para que a América se convertesse ao Islã.
Publicada no site do jornal inglês The Guardian e deletada em 15 de novembro, a carta foi redescoberta por usuários da rede chinesa TikTok, líder mundial em compartilhamento de vídeos curtos, conseguindo milhões de visualizações. Vídeos com a hashtag #LettertoAmerica (“Carta para a América”), que comentavam seu conteúdo, estavam entre os mais assistidos da rede social, que tem mais de um bilhão de usuários ativos por mês.
O TikTok, de origem chinesa, foi proibido em diversos países como, a Índia e, recentemente, no Nepal. O estado americano de Montana foi o primeiro dos EUA a banir a rede. O parlamento britânico bloqueou o acesso nos celulares dos funcionários, seguindo o exemplo de Canadá, Bélgica, Comissão Europeia e Estados Unidos. Donald Trump, durante seu período na Casa Branca, chegou a tentar proibir que o aplicativo fosse baixado no país, uma briga que foi parar nos tribunais.
Para o ex-presidente americano e muitos especialistas, o TikTok partilha seus dados com os órgãos de inteligência do governo da China, representando um risco à segurança de todos os usuários e países que permitem seu uso. Joe Biden já disse que, se os chineses não deixarem o controle da plataforma, ele poderá também avançar com uma legislação que proíba o TikTok no país.
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