Quer ser mais criativo? John Cleese, do Monty Python, pode te ajudar
Humorista e um dos fundadores do grupo britânico Monty Phyton dá algumas dicas em livro

John Cleese é um ator, escritor e roteirista britânico. Estudou Direito em Cambridge, mas (sorte nossa!) ficou conhecido por ser um dos fundadores do Monty Python, trupe inglesa que revolucionou a comédia no século 20 e ainda hoje é referência mundo agora.
No livro Criatividade, publicado no Brasil pela H1 Editora, Cleese desmistifica o processo criativo em mais de um sentido.
Primeiro, argumentando que precisamos ser – e muitas vezes somos – criativos em todas as áreas da vida, e não apenas naquelas que convencionalmente atribuíamos como próprias à criatividade. Um advogado, um médico, um matemático fazem (potencialmente) trabalhos criativos.
Segundo, afirmando que, mais que de inspiração, a criatividade depende de constância, disposição, paciência, conhecimento e tolerância ao erro.
Cinco princípios de John Cleese para uma vida mais criativa
1. Escreva sobre o que você conhece
Parece óbvio? Mas é óbvio. Ainda assim, muita gente se mete a escrever sobre aquilo que ignora. Cleese sugere que, antes do sucesso, falar sobre o que se sabe é mais garantido. Depois disso, você pode pesquisar à vontade e se arriscar, mas “é mais provável que você seja criativo em uma área que já conhece e pela qual já se interessa”.
2. Não conte com a inspiração. Pegue “emprestado”.
Ele está sugerindo plágio? Quase isso. O que ele está dizendo é que, no começo, nós não temos tantas ideias assim. Tudo já foi escrito, cantado, pintado, gravado, inventado. Nosso trabalho é aprender com quem sabe e já fez. Pegar emprestado. Isso tem um nome: “influência”. A gente precisa se deixar influenciar. Não há problema nenhum. Nossa voz autoral ficará mais firme com o tempo. Primeiro a gente aprende, depois a gente faz, em seguida a gente ensina.
3. Quer surtar? Surte o quanto antes!
Quem está começando, ao se deparar com seus ídolos ou referências, entra em pânico e duvida que seja capaz de conseguir. Para Cleese, o melhor é que isso aconteça o quanto antes. Isso não pode impedir o iniciante de seguir em frente: “O importante é começar, mesmo que pareça que você está se forçando a atravessar um bloqueio emocional”. Tá com medo? Vai com medo mesmo.
4. Na dúvida, desconfie de si mesmo
Certezas demais é criatividade de menos. Isso vale pra tudo, mas para criar, ainda mais. Arrogância só se justifica (um pouquinho) na hora de receber um prêmio, de dar uma entrevista, de negar um cumprimento ao político que quer se aproveitar. O ato criativo é humilde: “Como regra geral, quando as pessoas passam a ter certeza absoluta de que sabem o que estão fazendo, sua criatividade despenca. Isso porque elas acham que não têm mais nada a aprender”.
5. Elimine seus filhotes
A pior coisa para um criativo é se apegar demais à própria criação. Escritores, artistas, inventores, todos achamos que até o filho mais feio é bonito. Isso é um perigo: “Reparei que autores mais jovens costumam se apegar aos seus filhinhos. Já os mais experientes estão tão acostumados a reformular e reescrever, que acham mais fácil deixá-los morrer. Eles são, pura e simplesmente, mais assassinos”.
O que foi o Monty Phyton?
O humor sarcástico e surrealista do grupo, formado por cinco ingleses – Eric Idle, Graham Chapman, John Cleese, Michael Palin, Terry Jones – e um americano – Terry Gilliam, revolucionou a linguagem satírica desde então.
Os integrantes dos coletivos Porta dos Fundos, no Brasil, e Gato Fedorento, em Portugal, admitiram grande influência dos Python.
Depois que Monty Python’s Flying Circus foi ao ar pela BBC, em uma noite de 1969, os britânicos – e o penetra americano – se tornaram para o humor o que os Beatles tinha se tornado para o rock. E isso não é exagero.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (1)
Marcia Elizabeth Brunetti
19.04.2025 20:30Não é exagero não. Monty Python atravessou gerações e ainda deixa suas pegadas. Vejo isso em muitas comedias atuais, especialmente as inglesas. Pena que o Porta dos Fundos virou militante.