O tempo é rei: Gilberto Gil vai se despedindo dos palcos
‘Tempo Rei’, última turnê da carreira do cantor e compositor, começou em Salvador e chegou a São Paulo

Gilberto Gil está se curvando à realeza do tempo e ensaiando o adeus aos palcos. O cantor e compositor de 82 anos fez, no último final de semana, os dois primeiros shows marcados para São Paulo, naquela que será sua “última dança”. Outras duas apresentações acontecerão nos dias 25 e 26 desde mês.
A turnê começou em Salvador, passou pelo Rio de Janeiro e visitará capitais do país até o fim deste ano. O artista tem recebido convidados como Arnaldo Antunes, Anitta, Sandy, Caetano Veloso, Lulu Santos e MC Hariel.
Cerca de quarenta mil pessoas lotaram o Allianz Parque nas apresentações paulistanas de sua despedida, intitulada “Tempo Rei”.
Da balada ao forró, do reggae ao rock, Gil passeou à vontade e com a vitalidade habitual pelo vasto repertório, com escolhas do início ao fim da carreira, com predomínio dos sucessos dos anos 70 e 80. Inquieto, inventivo, insatisfeito, tropicalista, inconformista, o baiano escreveu e compôs sobre o amor, a política, a alegria, a religião, a ciência e até a internet.
Prisão política e protesto: “Sem Anistia!”
Antes de cantar Cálice, Gil apresentou um depoimento em vídeo de Chico Buarque, com quem compôs a canção em um dos períodos mais sombrios da história brasileira. Gilberto Gil foi preso pela ditadura militar em dezembro de 1968. O público aproveitou a deixa para gritar “Sem Anistia!”, em referência aos julgamentos dos golpistas do 8 de janeiro, e à movimentação para que os condenados sejam anistiados.
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O tempo passa, a música não
Até o final do ano serão pelo menos trinta apresentações, mas a despedida dos palcos não significa a despedida da música. Gilberto Gil pretende continuar a compor e a gravar, mas “em outras proporções”. Medo da morte? Não exatamente. Medo de morrer.
Em entrevista a Maria Fortuna, do jornal O Globo, explica a diferença:
“…Porque morrer é um ato ainda físico, corporal, ainda é aqui, na vida, no sol, no ar. O verbo morrer ainda é um ato humano. A morte, nesse sentido dessa possível expansão infinita que vai se dar depois do último ato de morrer, isso aí eu não o que vai ser. Vai ser o que Deus quiser. Seja feita a vossa vontade, como dizem os últimos versos da Ave Maria. ‘Seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu’. No Padre Nosso, na Ave Maria… ‘rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte’”.
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Comentários (1)
Reca
14.04.2025 15:25Artista maravilhoso. Ouvia e cantava suas músicas, em minha adolescência. Tem todo direito de descansar e se apresentar novamente, no dia em que bem entender.