Gravadoras negociam com startups de IA em busca de proteção
Empresas como Sony Music, Warner Music e Universal Music Group iniciam conversas para lidar com avanço da IA

Algumas das principais gravadoras do mundo, incluindo Sony Music, Warner Music e Universal Music Group, iniciaram negociações com startups de inteligência artificial, como a Suno e a Udio. O objetivo é estabelecer parâmetros para compensar o uso de seus extensos catálogos musicais no treinamento de modelos de linguagem e ferramentas de criação musical, baseadas em IA.
Essas tratativas surgem em um momento de crescente infiltração da inteligência artificial na cultura pop, levando as grandes empresas da indústria fonográfica a buscarem meios de proteger os interesses de seus artistas e viabilizar remuneração condizente.
Contexto legal e demandas da indústria
As negociações acontecem em meio a disputas judiciais. Tanto a Suno quanto a Udio enfrentam processos movidos pela Associação Americana das Gravadoras (RIAA), que as acusa de violação de direitos autorais. No ano passado, as próprias gravadoras também apresentaram ações semelhantes contra essas empresas, que continuam em andamento.
Em sua defesa, a Suno tem evitado admitir diretamente o uso de obras protegidas por direitos autorais, alegando ter treinado seus modelos com arquivos musicais de “qualidade razoável disponíveis na internet aberta”. A empresa argumenta que seu uso se enquadra na doutrina do “fair use” (uso justificado) da legislação dos EUA e sugere que o receio das gravadoras reside na concorrência. Segundo Chris Morris, jornalista especializado em tecnologia e games, a Suno vê a si mesma como uma ferramenta para criar música original, enquanto as gravadoras a enxergam como uma ameaça à sua participação de mercado.
Além da compensação financeira, as gravadoras pressionam por participação ativa no desenvolvimento dos produtos das startups. Elas buscam implementar tecnologias de identificação para rastrear o uso de músicas em criações de IA e influenciar parâmetros técnicos e de negócios das plataformas.
As três gravadoras também defendem o direito dos artistas de optarem por não ter suas obras envolvidas em certos usos de IA. Essa postura é reforçada pelo apoio de nomes como Billie Eilish, Jon Bon Jovi e as famílias de Frank Sinatra e Bob Marley, que criticaram empresas de inteligência artificial por práticas que “infrinjam e desvalorizem os direitos dos artistas humanos”.
As gravadoras, nesse movimento, seguem o caminho de outros setores, como editoras de livros e veículos jornalísticos, que também iniciaram negociações com empresas de IA após uma resistência inicial. As conversas ainda são iniciais e independentes entre cada gravadora, mas uma resolução pode incluir participação acionária nas startups ou o encerramento das ações judiciais em curso.
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