A história do mais comovente discurso de Steve Jobs

14.07.2025

logo-crusoe-new
O Antagonista

A história do mais comovente discurso de Steve Jobs

avatar
Gustavo Nogy
4 minutos de leitura 17.06.2025 18:29 comentários
Cultura

A história do mais comovente discurso de Steve Jobs

Materiais revelam como uma palestra que seria como outra qualquer aos formandos de Stanford se transformou em um manifesto inesquecível

avatar
Gustavo Nogy
4 minutos de leitura 17.06.2025 18:29 comentários 1
A história do mais comovente discurso de Steve Jobs
Steve Jobs discursa em Stanford

Em 12 de junho de 2005, o então CEO da Apple, Steve Jobs, subiu ao púlpito da Universidade de Stanford para proferir um discurso de formatura que seu autor descreveria como “constrangedor”, mas que se tornaria um dos mais impactantes e assistidos de todos os tempos.

Aclamado por mais de 120 milhões de espectadores e citado até hoje, o célebre apelo “Mantenham-se famintos, mantenham-se tolos” (“Stay hungry, stay foolish”), cristalizou a mensagem de vida radicalmente autêntica e perseverante que hoje associamos, para o bem e para o mal, ao fundador da Apple.

O curioso é que a trajetória para essa palestra foi feita com relutância, muita ansiedade e alguma ajudinha (não devidamente reconhecida). Coisas de Jobs.

Os bastidores de uma obra-prima acidental

Segundo Steven Levy, autor do artigo “How Steve Jobs Wrote the Greatest Commencement Speech Ever”, o visionário da tecnologia passou meses em 2005 debatendo o conteúdo de sua fala. Sua hesitação era palpável; em um e-mail para seu amigo Michael Hawley, ele descreveu o rascunho inicial como “embaraçoso”, afirmando que não era “bom nesse tipo de discurso”.

Jobs, que não costumava falar da própria vida, menos ainda sobre temas sensíveis como sua adoção, sua demissão da Apple em 1985 e os detalhes de sua batalha contra o câncer, relutava em abordar esses assuntos publicamente. Ele já tinha recusado inúmeros convites para discursar, aceitando o de Stanford em parte por sua proximidade com sua casa e uma breve fase de otimismo sobre sua recuperação de saúde, em parte pela (frustrada) crença de que receberia um título honorário.

Apesar de seu domínio quase matemático em apresentações de produtos, Jobs dizia-se “perdido” na hora de fazer um discurso de formatura. Ele chegou a considerar (e, graças a Deus!, desistiu) a ideia de dar conselhos nutricionais ou doar uma bolsa de estudos, e procurou a ajuda do roteirista Aaron Sorkin – sem sucesso.

A ajuda veio mesmo de seu amigo Michael Hawley, polímata associado ao MIT Media Lab, que o incentivou a tornar a fala pessoal. Hawley, uma figura não mencionada em biografias importantes, foi fundamental para moldar o encerramento com a icônica frase do Whole earth catalog, enfatizando a necessidade de um gancho impactante.

A colaboração culminou em uma intensa sessão de escrita com sua esposa, Laurene, e ensaios exaustivos. A (quase insuportável) a nsiedade de Jobs persistiu até o dia do evento. A minutos de sua chegada, ele ainda ponderava desistir, dizendo aos co-presidentes de sua turma que não tinha “piadas” para contar e que as coisas não iam funcionar direito. Mas funcionaram.

Do ceticismo à imortalidade

No dia do discurso, em meio ao calor escaldante e a uma audiência animada, mas um tanto dispersa, Jobs, vestido com jeans e calçando sandálias – incomum para a formalidade da ocasião, comum para a frugalidade sua estética –, leu sua fala a partir de folhas impressas, uma postura diferente de suas palestras habituais sem anotações.

A recepção começou modesta. Steven Levy comenta que a plateia “escutava educadamente”, mas muitos estavam distraídos pelo calor ou pela ressaca da festa na noite anterior. O próprio Jobs não estava convencido do sucesso, aliviado apenas por ter terminado.

O verdadeiro impacto do discurso, porém, se manifestou aos poucos. Publicado no site de Stanford, antes ainda da era das redes sociais, a fala “viralizou em câmera lenta”, ganhando reconhecimento por sua honestidade.

Seis anos depois, em 2011, a morte de Steve Jobs deu uma nova e profunda camada de significado às suas palavras, especialmente as que abordavam sua doença e a finitude da vida. Sua mensagem sobre viver com propósito e paixão ecoou no mundo todo, transcendendo o universo da tecnologia. O discurso que seria constrangedor se tornou memorável. Quase sem querer.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Crusoé: A nova reclamação do Rumble sobre Moraes

Visualizar notícia
2

Gonet mira Bolsonaro e deve pedir regime fechado por trama golpista

Visualizar notícia
3

Senador americano manda recado ao Brasil contra ‘ajuda a Putin’

Visualizar notícia
4

Negociações com Brasil e caso Bolsonaro frustram Trump, diz assessor da Casa Branca

Visualizar notícia
5

Avança proposta que prevê recursos da Rouanet para presídios de segurança máxima

Visualizar notícia
6

Crusoé: Trump ganhou a Copa do Mundo de Clubes?

Visualizar notícia
7

Lula oferece jabuticaba a Trump

Visualizar notícia
8

Barroso rebate carta de Trump: “Compreensão imprecisa dos fatos”

Visualizar notícia
9

Roberto Justus e Ana Paula Siebert acionam Justiça após ataques

Visualizar notícia
10

Crusoé: Ucrânia prepara novos ataques de longo alcance contra a Rússia

Visualizar notícia
1

Bolsonaro defende anistia como solução para evitar tarifa de Trump

Visualizar notícia
2

Lula oferece jabuticaba a Trump

Visualizar notícia
3

Roberto Justus e Ana Paula Siebert acionam Justiça após ataques

Visualizar notícia
4

Negociações com Brasil e caso Bolsonaro frustram Trump, diz assessor da Casa Branca

Visualizar notícia
5

Crusoé: A nova reclamação do Rumble sobre Moraes

Visualizar notícia
6

Senador americano manda recado ao Brasil contra 'ajuda a Putin'

Visualizar notícia
7

Avança proposta que prevê recursos da Rouanet para presídios de segurança máxima

Visualizar notícia
8

Barroso rebate carta de Trump: "Compreensão imprecisa dos fatos"

Visualizar notícia
9

Lulinha ainda é cobrado por impostos não pagos, enquanto PT faz campanha por aumento

Visualizar notícia
10

Bolsonaro apela a discurso de mártir: "Não luto por mim"

Visualizar notícia
1

Gaza: Trump espera “resolver isso na próxima semana”

Visualizar notícia
2

5 cursos profissionalizantes em beleza para ficar de olho em 2025

Visualizar notícia
3

Bolsonaro apela a discurso de mártir: “Não luto por mim”

Visualizar notícia
4

Lulinha ainda é cobrado por impostos não pagos, enquanto PT faz campanha por aumento

Visualizar notícia
5

Putin alertou Trump sobre novos ataques no leste da Ucrânia

Visualizar notícia
6

EUA pressionam aliados sobre possível guerra contra China

Visualizar notícia
7

Prévia do PIB aponta retração de 0,7% em maio

Visualizar notícia
8

Senador americano manda recado ao Brasil contra ‘ajuda a Putin’

Visualizar notícia
9

RJ: Castro exonera equipe ligada a Washington Reis

Visualizar notícia
10

Netanyahu promete nova ofensiva se Irã retomar programa nuclear

Visualizar notícia

logo-oa
Assine nossa newsletter Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

Steve Jobs
< Notícia Anterior

99 faz investimento bilionário para concorrer com o iFood

17.06.2025 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Bolsonaro convoca nova manifestação, por “justiça e liberdade”

17.06.2025 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Gustavo Nogy

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (1)

ANDRE MAGRISSO

20.06.2025 19:15

Discurso inspirador. Fantástico. Eu queria ter estado em Stanford para ser testemunha da história


Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Assiste a vídeos em velocidade acelerada? Melhor ir com calma

Assiste a vídeos em velocidade acelerada? Melhor ir com calma

Gustavo Nogy Visualizar notícia
As consequências geopolíticas da sucessão do Dalai Lama

As consequências geopolíticas da sucessão do Dalai Lama

Gustavo Nogy Visualizar notícia
Artistas abandonam Spotify em protesto contra CEO

Artistas abandonam Spotify em protesto contra CEO

Gustavo Nogy Visualizar notícia
Será que até o senso de humor é genético?

Será que até o senso de humor é genético?

Gustavo Nogy Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.