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“A falta de empatia que ameaça as futuras gerações”

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Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 05.11.2024 17:11 comentários
Cultura

“A falta de empatia que ameaça as futuras gerações”

Matthew Coleman, psicólogo americano, alerta que a falta de empatia com as gerações futuras pode comprometer nossa capacidade de agir contra as ameaças globais

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“A falta de empatia que ameaça as futuras gerações”
DALL·E 2024-11-05 09.15.29 – A futuristic scene showing a middle-aged woman named Mary sitting on a bench in a park, struggling with her breathing. She looks weary, and the air ar

Matthew Coleman, psicólogo, publicou neste sábado, 4, um artigo intitulado “A falha de empatia que ameaça as futuras gerações” na Psyche. No texto, ele discute os desafios emocionais que impedem a sociedade de se preocupar com o bem-estar das gerações futuras.

O autor questiona como equilibrar a atenção a problemas de curto prazo com as ameaças futuras. Ele argumenta que, em um mundo onde fosse mais fácil “sentir empatia por gerações futuras”, a pressão pública para abordar essas questões catastróficas aumentaria e que políticas de segurança receberiam “mais financiamento” e se tornariam prioridade política.

No entanto, ele observa que a “lógica persuasiva e dados convincentes” usados por especialistas não têm sido suficientes para mover a sociedade. Coleman acredita que superar essas barreiras emocionais é crucial, pois elas criam o que ele chama de um “déficit de empatia” entre as gerações atuais e futuras.

Coleman resgata uma preocupação que remonta ao conservadorismo clássico, alinhada ao pensamento de Edmund Burke, considerado o pai do conservadorismo moderno. Burke defendia que a sociedade é “uma parceria não apenas entre aqueles que estão vivendo, mas entre aqueles que estão vivendo, aqueles que estão mortos e aqueles que ainda estão por nascer”.

Esse conceito sugere que as gerações atuais têm uma responsabilidade moral de proteger e preservar o mundo para seus sucessores, cultivando um legado de continuidade e respeito pelas futuras gerações. Coleman aplica essa visão ao alertar que o “déficit de empatia” coloca em risco essa aliança entre tempos distintos, necessária para evitar que o bem-estar dos futuros habitantes seja negligenciado em nome de interesses imediatistas.

Coleman e o pesquisador David DeSteno, em uma série de estudos, examinaram como as pessoas reagiam ao sofrimento presente versus futuro. Os participantes, imaginando pessoas com doenças respiratórias ou ferimentos, “reportaram de 8 a 16% menos empatia” pelo sofrimento futuro. Esse efeito, segundo Coleman, aumenta ainda mais quando se trata de gerações futuras coletivas, já que a mente humana tende a sentir mais empatia por indivíduos do que por grupos.

A análise de Coleman também revela que “o déficit de empatia” tem consequências práticas. Em um experimento, os participantes doaram “6% menos” para uma organização ambiental quando acreditavam que ela ajudaria pessoas de 200 anos no futuro. Isso sugere que causas focadas no presente podem ser mais eficazes ao capturar a empatia das pessoas, mas Coleman propõe que as organizações voltadas ao futuro podem ganhar mais apoio se enfatizarem benefícios imediatos para o presente.

Apesar da dificuldade, Coleman acredita que a empatia é “moldável”. Em um estudo, ele conseguiu reduzir o déficit de empatia, fazendo com que os participantes imaginassem detalhadamente o sofrimento de alguém no futuro.

Ao promover “simulações mentais mais ricas do futuro”, o autor defende que comunicadores, cineastas e políticos poderiam usar “retórica emocional envolvente” para criar uma conexão mais forte entre o público e as gerações futuras. Segundo Coleman, esse exercício de imaginação vívida pode “eliminar a lacuna de empatia” e motivar as pessoas a apoiar medidas em prol das futuras gerações.

Coleman conclui que ações significativas para melhorar o futuro da humanidade dependem não apenas de incentivos econômicos e pressão política, mas também de um maior sentimento de conexão emocional com as gerações futuras. Ele sugere que “um nível ampliado de sentimento” poderia dar à humanidade a motivação necessária para “guiar nosso futuro coletivo na direção certa”.

Quem é Matthew Coleman

Matthew Coleman é psicólogo e pesquisador de comportamento humano. Suas pesquisas recentes têm focado no estudo da empatia e da psicologia moral, especialmente em como o ser humano valoriza o futuro em relação ao presente. Ele é autor de diversos artigos acadêmicos sobre a conexão emocional entre gerações e como o entendimento e as ações humanas podem impactar o futuro da sociedade.

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