O que o Foro de São Paulo já fez
Muitos esquerdistas podem fingir não levar o Foro a sério, mas seus ídolos levam.
O Foro de São Paulo realizará seu 25º encontro no mês que vem, em Caracas.
As atividades vão de 25 a 28 de julho e incluem encontros de jovens, de deputados “progressistas” e a elaboração de um “plano comum de luta”.
Ernesto Araújo publicou nesta sexta (21) que está estudando a organização:
Em reação, muitos “progressistas” no Twitter passaram a menosprezar o principal fórum de debates das principais lideranças de esquerda da América Latina. Confira um breve resumo do que o Foro de São Paulo já fez: – A caixa-preta do BNDES Como O Comentarista publicou em A Lava Jato lá fora, a operação investiga um esquema de verbas do BNDES irrigando obras no exterior tocadas por empreiteiras brasileiras. Não por coincidência, os maiores beneficiários dessas obras foram governos de esquerda aliados a Lula e Dilma. Reportagem de O Globo no final de 2016 mostrou que a operação já havia interrompido obras em seis países da região: Argentina, Cuba, Guatemala, Honduras, República Dominicana e Venezuela. O país com o maior volume de recursos do BNDES foi, adivinhem só, a Venezuela.1/Lendo "O Foro de São Paulo: uma ameaça à liberdade na América Latina" de Alejandro Peña: "Uma das principais vantagens do Foro de S. Paulo sobre as instituições democráticas iberoamericanas é que ele atua continentalmente, enquanto estas se limitam a um campo de ação nacional." pic.twitter.com/Kwm28LvVY5
— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) June 21, 2019
“[n]as últimas décadas, o Brasil se mostrou um parceiro endinheirado e exerceu seu poder para atrair aliados políticos na América Latina, Caribe e África. Entre 2005 e 2010, os empréstimos do BNDES quase quadruplicaram em dólares. Em um único ano, 2010, o banco brasileiro chegou a emprestar quase US$ 100 bilhões, três vezes o valor investido pelo Banco Mundial (Bird).” O Globo, 11 de dezembro de 2016– Compartilhando o marqueteiro João Santana ajudou a eleger pelo menos cinco presidentes fora do Brasil, incluindo aliados importantes do PT, como Mauricio Funes (El Salvador), Danilo Medina (República Dominicana) e Chávez e Maduro (Venezuela). Também assinou a campanha vitoriosa de 2012 do presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Santos governou até 2017. Lula é hoje réu em dois processos envolvendo Angola, em ambos os casos por crimes ocorridos durante o governo Santos. – Enviando dinheiro a Cuba Gravação divulgada em 2015 pelo Jornal da Band comprovou que o programa Mais Médicos foi concebido não como política de saúde, mas como política externa. Um assessor do Ministério da Saúde, Alberto Kleiman, afirma na gravação que o valor dos salários dos médicos e a forma de pagamento haviam sido definidos pelo então assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Garcia morreu em 2017. A intermediação da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) serviu para o então governo Dilma ocultar o verdadeiro objetivo do Mais Médicos – enviar dinheiro a Cuba. – Mudando constituições Quase todos os governos de partidos do Foro de São Paulo trabalharam para mudar as constituições dos seus países e permitir a reeleição, às vezes ilimitada. Hugo Chávez tomou posse em 1999. Morreu em 2013, em seu quarto mandato, entregando o poder a Nicolás Maduro. Evo Morales tomou posse em 2006. Com uma nova Constituição na Bolívia, pôde concorrer mais vezes. Mandou fazer um referendo em 2016 que permitiria um quarto mandato. Morales perdeu o referendo, mas a Suprema Corte da Bolívia anulou o resultado. Rafael Correa tomou posse em janeiro de 2007. Deu ao país uma nova Constituição. Em 2009, tornou-se o primeiro presidente reeleito do Equador desde o século XIX. Foi reeleito de novo em 2013. Correa chegou a articular como fazer para ter reeleições ilimitadas, mas saiu em maio de 2017 e hoje está encrencado com a Justiça. Daniel Ortega tomou posse em 2007. Foi reeleito em 2011. Em 2014, o Congresso da Nicarágua aprovou o fim do limite de mandatos para o presidente. Manuel Zelaya quis mudar a Constituição de Honduras para ficar mais um pouquinho, apesar do que diz o Artigo 42. Foi deposto pela Suprema Corte em 2009, e depois hospedou-se na Embaixada do Brasil. O próprio Lula flertou com a ideia de mudar a Constituição para tentar um terceiro mandato. Desistiu pensando que deixaria Dilma esquentando a cadeira para ele voltar em 2014. – Conclusão Muitos esquerdistas podem fingir não levar o Foro a sério, mas seus ídolos levam. Dilma, Gleisi, Evo Morales e muitos outros não perderam o Encontro de 2018, em Havana, e certamente repetirão essa agenda no mês que vem, em Caracas.
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