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“Bolsonaro x Doria” de novo e de novo

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Redação O Antagonista
7 minutos de leitura 25.06.2019 12:00 comentários

“Bolsonaro x Doria” de novo e de novo

O confronto que poderia ter ocorrido em 2018 ficou para 2022. Mas já passará por um teste em 2020.

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“Bolsonaro x Doria” de novo e de novo
Foto: José Dias/PR
Bolsonaro x Doria” já serviu de título a três notas publicadas em O Antagonista. A primeira delas em 2017, quando o deputado federal constatava que, até então, só havia um adversário na corrida presidencial.
João Doria chegou agora na política, é um direito dele querer ser candidato. (…) Ele é de um partido grande, que tem uns 60 deputados, centenas de prefeituras, dirige um orçamento enorme. Eu só tenho o povo ao meu lado. Jair Bolsonaro, em agosto de 2017
Mas João Doria não deu nem para o começo, tendo de se “contentar” com o governo de São Paulo. Em maio passado, partiu novamente de Jair Bolsonaro que o principal adversário em disputa tão precoce continuava o mesmo.
Jair Bolsonaro passou a considerar como factível a reeleição em 2022. E enxerga em João Doria seu principal adversário. Claudio Dantas, em 3 de maio de 2019, para O Antagonista
Em junho, a manchete deu vez a um terceiro round, com aliados do tucano sentindo o que entendem ser uma rasteira do Palácio do Planalto.
Aliados de João Doria disseram à Folha de S. Paulo que a exclusão de estados e municípios da reforma previdenciária são “um claro sinal de que o presidente já pensa em reeleição”. Na prática, eles acusam Jair Bolsonaro de fazer um cálculo igual ao de Paulo Pereira da Silva: é preciso quebrar São Paulo para impedir o crescimento da candidatura do rival. O Antagonista, em 25 de junho de 2019
– Movimentos cristalinos Assim que terminou a eleição de 2018, Doria deu os primeiros passos mirando 2022. Entre acenos à opinião pública e bençãos do que há de mais velho na política nacional, o governador se permitiu até mesmo ouvir a própria militância tornando explícito o que demanda discrição.
Brasil para frente, Doria presidente! Gritos na convenção do PSDB
O trabalho inclui uma espécie de saneamento do PSDB. Que deixaria de ser o “partido do muro”, demandando atitudes a respeito de Aécio Neves e o afastamento de Geraldo Alckmin até o fim das investigações – subtraídos os “exageros retóricos“, claro. Por Doria, a sigla não seria “nem de esquerda, nem de direita”, mas muito menos de esquerda. E se alguém não concordar com o novo PSDB, basta sair.
Nós não estamos aqui construindo o novo PSDB obrigando todos a concordarem. Não há democracia por unanimidade. Mas os que não concordarem, peçam para sair. João Doria
Mas Bruno Araújo, a escolha de Doria para a presidência do partido, coleciona elogios a Lula, apoio a Bolsonaro e pouca transparência a respeito de bens que possui. – Democratas A costura passa por uma aliança com o DEM já para as eleições de 2020. Um resultado positivo findaria na fusão das siglas para 2022. Os tucanos se animam com a ideia, mas os democratas entendem viver um momento melhor que o dos parceiros, o que pode frustrar os planos. Rodrigo Maia acredita que uma saída pode estar na migração de Doria para o partido do presidente da Câmara. E que ambos devem estar “fortes em um projeto único de geração de emprego e renda“. Se depender do DEM de São Paulo, o próximo presidente já tem nome e sobrenome.
Se o bom Deus quiser, vamos ter Doria presidente. Milton Leite, presidente do DEM paulistano
– Líder das reformas O afago é retribuído. Doria trata Maia como “líder das reformas no Congresso, em uma presidência sólida e consistente“. E ajuda na articulação, assinando com governadores do Sul e Sudeste uma carta a favor da reforma da Previdência – cuja relatoria ficou com o próprio PSDB. Se Paulo Guedes exige uma reforma que economize um trilhão de reais na próxima década, Doria calcula que um ganho de R$ 800 bilhões seria “substantivo para o equilíbrio fiscal no plano federal e igualmente no plano dos estados e municípios“. E que isso independe de partidarismo:
Não pode haver, nessa questão, nenhuma ideologia, nem sequer partidarismo. É a hora de olharmos o Brasil, é a dimensão patriótica. João Doria
Mas “sentiu o golpe” com a exclusão de estados e municípios da reforma.
Essa alteração é nociva ao Brasil e à reforma da Previdência. Não representa o interesse majoritário dos governadores e dos prefeitos e nem do cidadão, que não vivem nas nuvens ou em Brasília. Essa medida é absolutamente deplorável. João Doria
A pressão do governador de São Paulo irritou deputados e o presidente da comissão especial da reforma.
Quando era prefeito, o Doria encaminhou uma reforma da Previdência para a Câmara municipal de São Paulo. A população e as corporações reagiram. E ele, como era candidato a governador, por questões eleitoreiras, retirou a reforma. Como é que um cara desses quer ter autoridade de enquadrar deputados? Marcelo Ramos, presidente da comissão especial da reforma da Previdência
Reagindo ao clima ruim, Doria defendeu que era “hora de paz” e se permitiu uma foto ao lado de Marcelo Ramos. – Entre tapas e beijos A bipolaridade é também a marca da relação de Doria com Bolsonaro. Eleito pelo “bolsodoria“, voto “casado” no PSL para presidente e PSDB para o governo do estado, o tucano foi um dos que abriu mão de participar da marcha de 26 de maio, em apoio ao Governo Federal.
O povo já foi à rua, já manifestou as suas posições. Consideramos como algo inútil, inadequado, e estabelecendo o potencial de confronto que não é o momento. João Doria
O mesmo Doria, contudo, prometeu demitir funcionário do Metrô que aderisse à greve convocada pela oposição a Bolsonaro. Ora o governador faz as vezes de porta-voz do presidente, ora faz questão de dizer que as universidades estaduais não enfrentam os mesmos cortes das federais. Ora faz “joinha” com Bolsonaro, ora assedia um dos principais apoiadores de Bolsonaro. Ora se opõe ao prefeito de Nova York pelas duras críticas ao capitão, ora convida um dos desafetos do capitão para se filiar ao PSDB. Contudo, a transferência da Fórmula 1 de São Paulo para o Rio de Janeiro pode ter inaugurado um novo momento na relação. Questionado se não temia que Doria ficasse chateado com a mudança, Bolsonaro provocou.
Pelo que a imprensa diz, ele será candidato a presidente em 2022. Então, ele tem que pensar no Brasil, e não no seu estado. João Doria
Ao que Doria respondeu:
A questão da Fórmula 1 não é política. É econômica. Não é hora de eleição. É momento de gestão. João Doria
– “Dois Partidos e Meio” x “Meio” Em entrevista ao Correio Braziliense, Doria alertou que “o maior inimigo do governo Bolsonaro são os aliados de Bolsonaro”. Fazia referência às trapalhadas do núcleo ideológico coordenado pelos filhos do presidente. Mas as aspas também servem ao núcleo pragmático que vem se acertando para 2022. Faltando três anos para o início oficial da disputa, Doria já pode contar com dois partidos – PSDB e DEM – e meio – a ala que O Antagonista chamou de PSLdoD. Bolsonaro, por sua vez, só pode contar com o PSLdoB. O que já é uma vantagem em relação a 2017, quando dizia só ter “o povo” ao lado. Um primeiro confronto ocorrerá em 2020 pela prefeitura de São Paulo. O resultado balizará tudo o que vier depois. Mas um amistoso ocorreu há pouco, em 2019. Desafiado por Bolsonaro a “pagar dez”, Doria foi ao chão e “pagou treze” – um número que, dizem, dá azar.
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