Veículo de luxo estava em shopping por falta de espaço, diz empresário à CPMI

08.11.2025

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Veículo de luxo estava em shopping por falta de espaço, diz empresário à CPMI

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Guilherme Resck
7 minutos de leitura 06.10.2025 19:29 comentários
Brasil

Veículo de luxo estava em shopping por falta de espaço, diz empresário à CPMI

Fernando Cavalcanti presta depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito e negou que tenha ocultado veículos de luxo

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Guilherme Resck
7 minutos de leitura 06.10.2025 19:29 comentários 0
Veículo de luxo estava em shopping por falta de espaço, diz empresário à CPMI
Foto: Carlos Moura/Agência Senado

O empresário Fernando Cavalcanti negou nesta segunda-feira, 6, que tenha ocultado veículos de luxo e disse que o motivo de três – incluindo uma Ferrari – terem sido levados para o estacionamento do Shopping Pier 21, em Brasília, na véspera da Operação Sem Desconto, foi falta de espaço em sua garagem. Ele presta depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, do Congresso.

“Não tenho nada a esconder. A investigação existente é bastante extensa e complexa. Porém, contra Fernando Cavalcanti não pesa qualquer alegação de envolvimento com fraudes do INSS. Fui mencionado no inquérito apenas por suposta ocultação de veículos de luxo, e quero deixar claro que não houve ocultação nem má-fé, afirmou o depoente.

“Os veículos mencionados nas reportagens são de propriedade da minha empresa, estão todos declarados, adquiridos de forma lícita e alguns, ainda, estão inclusive financiados, como é o caso da tão falada Ferrari, que eu só termino de pagar, salvo melhor juízo, no final de 2027.

Segundo o empresário, mais de 20 veículos, incluindo a Ferrari, três Mercedes, dez motos e dois Cadillac compõe o patrimônio da FAC Negócios e Investimentos Unipessoal, que tem ele como único sócio. A Ferrari vale mais de 4 milhões de reais.

No último dia 12 de setembro, ao menos parte dos veículos foi apreendida, no âmbito da Operação Cambota, desdobramento da Sem Desconto. A Operação Sem Desconto foi deflagrada em 23 de abril, para combater o esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões.

À CPMI, Cavalcanti afirmou que os veículos foram apreendidos porque haviam saído de sua casa antes da operação de abril e porque a Polícia Federal (PF) acredita que pertencem ao advogado Nelson Wilians.

O relator quis saber se, antes do caso dos três carros que foram estacionados no Pier 21, o empresário orientou algum funcionário a levar seus veículos para ficarem no estacionamento do shopping.

“No Pier 21, que eu saiba não. Mas no Brasília Shopping, sim, no Deck, sim. Inclusive, os últimos veículos foram lá, eles encontraram as chaves lá em casa e eu falei ‘estão no deck’. É comum eu estacionar, até porque a minha garagem só cabem três carros, e é impossível manter a quantidade de carros que eu tenho aqui dentro da minha garagem, afirmou.

“Todas às vezes eu venho para a minha casa em Brasília que os carros estão expostos lá fora, eu peço aos meus motoristas que tirem de lá, pontuou.

O empresário afirmou que seu patrimônio é de origem lícita e que nunca adotou qualquer postura que pudesse ser interpretada como tentativa de ocultação de bens.

“Já informei às autoridades que houve um equívoco da PF ao atribuir a condução dos carros a pessoas que nada tem a ver com os fatos. Os verdadeiros condutores eram três funcionários da minha empresa”, declarou. Ainda de acordo com ele, é citado no inquérito sobre o esquema de descontos indevidos também por ser possível laranja de Nelson Wilians e do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes – o “Careca do INSS“.

Ele nega que tenha sido laranja, operador ou beneficiário de qualquer esquema. O empresário fala à CPMI na condição de investigado e não prestou o compromisso de dizer a verdade. Além disso, por um habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), pode ficar em silêncio sobre fatos que possam implicar a sua autoincriminação.

Relação com Wilians e Camisotti

Cavalcanti disse que nunca viu o Careca do INSS. Em relação a Wilians, atuou por 16 anos em seu escritório, chegando ao cargo de vice-presidente. Entrou na empresa em 2009, e após um período fora, foi convidado por Wilians, em 2017, para ser seu assessor direto.

“Com o tempo, assumi a controladoria estratégica do escritório, ampliando as minhas responsabilidades na gestão, conforme as coisas foram acontecendo e dando certo. E foi nesse contexto que passei a ter conhecimento entre a relação do Dr. Nelson Wilians com o senhor Maurício Camisotti, declarou.

Camisotti é um empresário investigado pela PF por envolvimento no esquema de descontos irregulares em aposentadorias e pensões. Ele foi preso preventivamente na Operação Cambota, assim como o Careca do INSS.

De acordo com Cavalcanti, o escritório de Nelson Wilians pegou empréstimos de Camisotti, incluindo um de 60 milhões de reais, que seria para a compra de um terreno.

“O que tenho de conhecimento de relação entre Nelson Wilians e Maurício Camisotti são esses empréstimos, que são pagos até hoje”, afirmou.

“Maurício Camisotti, depois que eu o conheci, era comum a gente almoçar, era comum a gente estar em festas de final de ano. Não viajamos juntos, mas já nos encontramos em algumas viagens. Então a gente pode ter transacionado, sim, mas nada que tenha a ver aqui com a questão aqui de Ambec”, falou também. A Ambec é uma das entidades investigadas pela PF por fazer descontos irregulares; Camisotti estaria por trás dela.

Cavalcanti disse que deixou o escritório por motivo de transição de carreira e principalmente para preservação de sua saúde, pois por depressão. “Após a saída, não tive mais qualquer participação ou ingerência nas atividades do escritório, conduzidas pelo Dr. Nelson”, afirmou. Desde o dia 23 de maio, porém, ele ainda estaria em um processo de desassociação de empresas em que Nelson Wilians é sócio também.

Patrimônio

Cavalcanti afirmou que, em 2017, devia ter um patrimônio de 100 mil reais. Ele não quis falar qual o patrimônio atual, que seria milionário.

O relator quis saber como o valor cresceu tanto. “O escritório cresceu muito nos últimos anos. E com isso eu cresci juntamente com o Nelson. Criamos no pós-pandemia o que a gente chama de empresa NWGroup, que foi um sucesso, e eu também fui muito bem remunerado com relação a isso”, respondeu o depoente.

“É o primeiro caso que eu vejo na corporação que o dono do escritório está com uma dívida tremenda, pelo menos é o que o senhor fala, e o senhor, que é um funcionário dele, está voando cada vez com um patrimônio maior. Não sei se o senhor organizou a vida do Nelson Wilians, mas pelo jeito o senhor organizou a sua vida, ressaltou o relator.

Gaspar ainda disse que Cavalcati teve um crescimento exponencial em seu patrimônio a partir de 2018, ano em que a Ambec foi criada. O depoente, porém, negou que o crescimento tenha alguma relação com a criação da entidade.

Presente a Ibaneis

Em determinado momento da oitiva, Cavalcanti disse que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), é seu amigo e que deu um Fusca de colecionador, no valor de 70 mil reais, de presente para ele.

“Eu tenho muita tranquilidade muito prazer de ter dado esse Fusca para ele”, declarou. O relator quis saber por que deu o presente para o governador. “Presenteei um amigo querido”, respondeu o empresário.

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